“Não se pode apenas promover o acesso, com bolsa e contratações, é preciso dar qualidade para a permanência dessas pessoas negras. Senão, vai trazer só essa ideia de ‘colorimos o espaço’ ou de aliviar uma culpa”, diz Juliana de Paula Costa, assessora para relações étnico-raciais. “O racismo está tão entranhado que ele escapa. Ele é horrível para as pessoas negras, mas também deforma o olhar do branco.”
Por isso as escolas precisam ampliar suas referências, diz ela, conhecer autores africanos, asiáticos, sul-americanos. Fazer um censo racial da escola também é essencial para conhecer a comunidade. No Colégio Gracinha, essa foi uma das primeiras medidas. Depois de pronto, os alunos vão trabalhar os resultados e discuti-los.
“Soubemos que escolas estavam com projetos antirracistas e entendemos que também tínhamos de fazer algo. Da noite para o dia já tinham mais de 70 pais querendo contribuir”, conta Roberta Raffaelli, mãe de alunas do Gracinha. O diretor Wagner Borja fala que teve inicialmente dificuldade em encontrar profissionais não brancos para contratar, até que uma professora criou um banco de currículos para ajudar as escolas. O Gracinha também deve ter em breve um programa de bolsas.
“É algo potente e positivo. Há muita divergência em como fazer, mas faz parte. É rico para o debate, todos têm a perfeita clareza que isso precisa acontecer”, completa a diretora do Colégio Equipe, Luciana Fevorin. A escola também está analisando currículo e discutindo o tema com pais e professores. Há ainda debates iniciados no Bandeirantes, Móbile e Avenues.
A diretora pedagógica da Escola da Vila, Fernanda Flores, acredita que esse movimento dos colégios de elite felizmente deve se alastrar para muitos outros da rede privada. “Isso muda gerações e demora menos tempo quanto mais ágeis forem as escolas.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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