Alep homenageia agentes da inclusão e da neurodiversidade

A Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) realizou, na noite desta quinta-feira (29), uma sessão solene em homenagem a mais de 90 personalidades e instituições que atuam na promoção da inclusão e do respeito às pessoas neurodivergentes. A cerimônia, intitulada “Agentes de Mudança: Celebrando o Compromisso com a Inclusão”, foi proposta pelo deputado Alisson Wandscheer (Solidariedade), líder do Bloco Parlamentar da Neurodiversidade.

“É uma noite especial, carregada de significado. Uma noite para celebrar aqueles que fazem a diferença, que acreditam na inclusão como valor inegociável e que, com suas ações, transformam vidas e constroem pontes por onde antes só existiam muros”, afirmou o parlamentar ao abrir a solenidade.

Entre os homenageados estavam profissionais da saúde, educação, segurança pública, pesquisadores, advogados, voluntários, entidades como Apaes, igrejas e empresas comprometidas com a inclusão. A cerimônia reconheceu iniciativas que impactam positivamente a vida de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), TDAH, dislexia e outras condições neurodivergentes.

neurocientista Mara Lúcia Cordeiro, do Hospital Pequeno Príncipe, destacou a importância do reconhecimento ao trabalho voltado à infância neurodivergente. “Essa sessão significa reconhecimento pelo trabalho que a gente faz, uma causa que ajuda crianças com deficiência. Mostra como os políticos podem fazer mais para contribuir com essas famílias”, afirmou.

O núcleo de pesquisa que Mara integra já atendeu mais de 1.500 crianças e desenvolve estudos sobre autismo, TDAH e suas relações genéticas e ambientais.

O tenente-coronel Valter Ribeiro da Silva, da Polícia Militar do Paraná (PMPR), também homenageado, ressaltou o pioneirismo da corporação na criação de protocolos de atendimento para pessoas autistas, implantados desde 2022. Pai de um adolescente autista, ele destacou a importância do acolhimento especializado em situações de risco ou desaparecimento de crianças com TEA.

Outro destaque foi o Major Murilo Cinque, do Corpo de Bombeiros do Paraná, que desenvolveu o Manual de Atendimento a Emergências para Pessoas no Espectro Autista. Ele compartilhou sua experiência pessoal como autista e pai atípico, o que contribuiu para a elaboração do documento inédito.

A secretária de Inclusão de Paranaguá, Isabelle Dias, emocionou os presentes ao relatar sua trajetória como pessoa surda e muda, superando barreiras de comunicação e exclusão social. “Quem imaginaria que hoje eu estaria aqui? Essa homenagem é muito importante para mim”, declarou.

Compuseram a mesa da solenidade representantes de diversas esferas do poder público, como Solange Maria Vieira, diretora-geral do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR); Felipe Machado, prefeito de Mandirituba; Juliano Martins, superintendente de Cidadania de São José dos Pinhais; Quelen Silveira Coden, representando a Secretaria de Desenvolvimento Social e Família; e o vereador Augusto Semprebon, de Ibiporã.

Estatísticas e desafios da inclusão

Durante o evento, o deputado Alisson Wandscheer ressaltou dados do Censo Demográfico 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento indica que 2,4 milhões de brasileiros têm diagnóstico de TEA, o equivalente a 1 a cada 38 pessoas, ou 1,2% da população nacional.

O país também conta com 14,4 milhões de pessoas com deficiência, o que representa 7,3% dos brasileiros acima de dois anos. Entre os principais desafios enfrentados está o analfabetismo, que atinge essa população em um índice quatro vezes maior do que o observado entre pessoas sem deficiência.

“Esses números revelam as barreiras no acesso à educação formal, apenas uma ponta do iceberg de dificuldades enfrentadas diariamente. O autismo, a dislexia, o TDAH e as deficiências não podem ser tratados como exceção — estão em nossas escolas, empresas e comunidades”, alertou Wandscheer.

Código Estadual do Autismo

O deputado também reforçou a importância da lei que institui o Código Estadual da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, aprovada em 2024 pela Assembleia Legislativa do Paraná. “Agora enfrentamos o desafio de implementá-lo com compromisso e responsabilidade. Uma lei só se torna transformadora quando sai do papel e se concretiza em políticas públicas eficazes”, concluiu.

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