Como vai disputar o Palácio dos Bandeirantes sem a retaguarda da máquina estadual – que estará sob o comando do vice-governador e pré-candidato Rodrigo Garcia -, Alckmin não deve ter o apoio formal de muitos prefeitos com mandato, mas seus aliados contam com a ajuda informal de antigos aliados. Se vencer as prévias presidenciais do PSDB, Doria terá que se desincompatibilizar do cargo até abril do ano que vem.
Entre os que acompanharão Alckmin e deixarão o PSDB estão o ex-deputado federal e ex-prefeito de São José do Rio Preto, Silvio Torres, que foi presidente estadual e secretário-geral nacional da sigla; o ex-deputado estadual de Bauru, Pedro Tobias, que também comandou o diretório estadual; e o ex-deputado federal Floriano Pesaro, que disputou as prévias estaduais em 2018.
Também devem deixar o PSDB o ex-deputado e ex-prefeito de Sorocaba, Antonio Carlos Panunzio e o ex-prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa. “Estou decidido a sair junto com o Geraldo por razões já conhecidas dentro e fora do PSDB”, disse Silvio Torres ao Estadão. Filiado à legenda desde 1988, Torres foi um dos principais operadores políticos de Alckmin em Brasília e na executiva nacional do partido.
Impacto. “A saída do Geraldo terá um impacto muito grande e pode dividir o eleitorado do PSDB. Ele foi quatro vezes governador e duas vezes candidato à Presidência. Não sei se o eleitor vai entender. É uma questão delicada que não pode ser tratada de forma aleatória”, disse o senador José Aníbal (SP), que é um dos quadros históricos do PSDB, mas não planeja deixar a legenda.
Adversário de Alckmin na disputa pela prefeitura em 2008, quando recebeu apoio velado dos tucanos, o ex-ministro e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, é atualmente o principal articulador político da transferência de Alckmin, ao lado do também ex-governador Márcio França (PSB). Os dois estão atuando nos bastidores para atrair partidos médios e pequenos para o palanque de Alckmin, como Podemos, Avante, PMB, PV e Solidariedade.
“Me identifico mais com essa turma que está saindo, que é o velho PSDB, do que esse PSDB do João Doria. Minha tendência é ficar mais próximo do Geraldo”, disse o ex-vereador Mário Covas Neto (Podemos), filho do ex-governador Mário Covas e tio do ex-prefeito Bruno Covas. Ele ressalta, porém, que essa é uma opinião pessoal, já que o Podemos ainda não bateu o martelo sobre sua posição em São Paulo em 2022.
Adversário interno de Doria e Alckmin nas prévias para prefeito em 2016, o ex-vereador e ex-ministro Andrea Matarazzo (PSD) também deve estar no palanque de Alckmin, assim como o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que está de saída do MDB – partido pelo qual já foi candidato ao governo – e deve disputar o Senado na chapa formada por Alckmin e Márcio França.
O ex-governador paulista não tem pressa em anunciar seu novo partido, mas deve formalizar até o fim do mês sua saída do PSDB. Em uma tentativa de esvaziar o discurso de Alckmin, o PSDB paulista anunciou que vai fazer prévias para decidir o candidato ao governo paulista. Até agora, só o vice governador Rodrigo Garcia se apresentou.
Interlocutores de Alckmin dizem que o partido se tornou um “condomínio” de Doria.
Já nos bastidores do governo paulista os correligionários do governador reclamam que Alckmin não abriu um canal de diálogo e dizem que a vaga de candidato ao Senado seria dele – o mandato de José Serra, hoje exercido pelo suplente José Aníbal porque o titular está afastado para tratamento de saúde, se encerra em 2023. Antes disso, porém, emissários de Doria chegaram a sugerir que Alckmin disputasse uma vaga de deputado federal para puxar votos na legenda, mas ele declinou.
Após entrar nas prévias do PSDB para a Prefeitura em 2016 com apoio de Alckmin, Doria se afastou do padrinho político. Já em 2017, Doria fez movimentos sinalizando que disputaria a vaga de candidato à Presidência da República no PSDB, o que azedou a relação entre eles.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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