É a natureza que fala sem falar

Por Pe. Lino Baggio, SAC*

Há poucos dias, quando visitei meus pais, tive a oportunidade de passar um dia no interior, ou no sítio de um amigo da nossa família. Foi um dia para curtir a natureza. Logo que cheguei, saudei as pessoas que me aguardavam e desci em direção ao pomar e acabei debaixo de grandes e lindos pés de eucaliptos. Fiquei olhando as folhas brincarem com o vento. A sombra era gostosa. E aquele perfume de encher o pulmão!

Olhando um pouco mais à frente, enxerguei um açude e caminhei em sua direção. Alguns marrecos se divertiam dentro da água mansa. Vontade de colocar os pés na água e jogar miolo de pão para os peixinhos!  Parecia-me que estavam me olhando com olhos mansos, que não mandam e nem pedem. Eu os vi. Tive vontade de estender-lhes as mãos, não para pegá-los, mas para oferecer-me e dizer-lhes: o mundo fica mais bonito com vocês!

É a natureza que fala sem falar, mantendo cada coisa no seu lugar. Os marrecos, as árvores, o cintilar da luz, os peixes, o perfume dos eucaliptos tudo foi me dizendo que o mundo é um lugar amigo. A partir daquele santuário natural, ergui os olhos para os céus e tive a impressão de ver aqueles olhos grandes e mansos, que não mandam e nem pedem. Só estão ali, dizendo-me, sem dizer: “Meu filho, estou vendo você. Que coisa gostosa é vê-lo. Toda essa natureza fica mais bonita com você aí, no meio dela”. Que legal, ficamos nos olhando: Pai e filho. E eu, com o olhar de filho, mais do que nunca, neste momento, tive vontade de gritar bem alto: “Pai”. Esta foi a minha oração. Este foi o meu desejo mais intenso. Pai, meu Deus, seu nome é único para cada pessoa, porque dentro de cada um mora um segredo. Tantos são os teus nomes quantas são as esperanças e os desejos.  

Mantendo os meus olhos voltados para o Pai, amparado naquela bela natureza, senti um silêncio amigo e as palavras não eram mais necessárias. Bastou ouvir a voz do Pai: “Estou aqui”. Sim, ó Pai, eu fiquei menos sozinho e, por isso, não me canso de rezar: “Obrigado pela natureza, pelas flores, rios e árvores; pelo sol, pela chuva e pelo ar que respiro. Obrigado pelo amanhecer e anoitecer, pelos animais, pelo vento e as estrelas. Obrigado pela vida. Amém!”

* Pe. Lino Baggio, SAC – Vigário Paroquial na Paróquia São Roque – Coronel Vivida

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