Em cada mãe, um tesouro

Três letras que possuem um significado impressionante, mãe é uma palavra que nos mexe por inteiro, ninguém fica indiferente a ela, ela nos acompanha desde o momento da concepção e aí então começa uma jornada indescritível, cada mãe é um universo, nela não há dia, noite ou hora marcada para ela dar o melhor de si pelos seus, seja cuidando, alimentando ou realizando qualquer outra tarefa. Quem de nós estaria aqui hoje, não fosse o cuidado abnegado de nossas queridas mães, quem de nós seria o que se é hoje não fosse a insistência e até mesmo uma boas palmadas que muitos de nós levamos quando éramos crianças. Nossas mães são o que são com todas as suas alegrias e tristezas, foram o que foram no seu contexto existencial, amaram incondicionalmente do seu jeito todos os filhos, deveríamos ser eternamente gratos por esse presente marcante nas nossas vidas. 

O papel de mãe vem sofrendo ao longo do tempo alterações profundas em todos os contextos, aquela mãe que cuidava única e exclusivamente dos filhos, assim como da casa em geral, é muito raro de se encontrar nos dias atuais, as modificações sociais foram e continuam impondo pesados fardos para as famílias, especialmente para a s mulheres mães, são milhares de mães que precisam sair de madrugada e se dirigir ao trabalho, deixando seus filhos em creches ou até mesmo com os avós, voltando a vê-los somente muito mais tarde no fim do dia. Quantas mães que gostariam de dar uma vida mais digna para seus filhos, porém não conseguem por estarem desempregadas ou recebendo algum auxílio do governo, quantas mães nessa hora estão morando na rua com seus filhos, não tendo nem uma coisa nem outra; em todas essas mães só encontramos força e coragem.

Até onde nosso pensamento alcança, vamos rememorar todas aquelas mães que já passaram de algum modo pelas nossas vidas, foram tantas com certeza, muitas delas não lhes prestamos uma justa homenagem quando estiveram conosco, nossas mães biológicas e nossas mães de criação, nossas queridas avós, tias, aquelas mães que deixaram seus filhos brincarem conosco para que fizéssemos boas e alegres amizades, quantas mães foram nossas empregadas domésticas, foram nossas professoras, tantas mães médicas que nos socorreram num momento difícil, as mães que limpam nossas ruas, praças e parques para que possamos usufruir deles, quantas babás que carinhosamente cuidaram de tantos, quantas mães que já partiram e que são referências para nós, com toda certeza de onde elas estão hoje nos acompanham com seu olhar materno, a todas vocês obrigado.

Fazemos menção também aqui a um tipo especial de mãe, isto é, aquela que enfrenta ao lado do filho a triste realidade das drogas, aquela mãe que acompanha seu filho na doença, ou num leito de hospital, ou ainda aquela mãe que perdeu seu filho ou filha na hora do parto, não temos palavras para descrever o sofrimento de uma mãe quando perde seu filho ainda pequeno, adolescente ou jovem. Também é incompreensível o que leva uma mãe a matar seu filho e isso temos notado até com uma certa frequência, uma violência simplesmente bestial. Doloroso também é adentrar num campo muito delicado, qual seja, o aborto, um tema espinhoso, que perpassa a existência humana desde sempre, mães que abortaram deliberadamente e de modo consciente; são comuns os casos em que mais tarde essa mãe venha a sofrer de uma culpa ou angústia terrível por ter praticado tal ato.

O mundo insano, especialmente aquele do século XX e também o de agora, não menos duvidoso e inseguro, deixou em muitas mães um rastro de dor e amargura, é simplesmente incalculável o número de mães que perderam seus filhos nas guerras ou ainda que tiveram seus filhos assassinados pelas inúmeras ditaduras, inclusive aqui no Brasil, lembramos também dos gritos e protestos das mães da praça de maio, na Argentina, cujos filhos desapareceram para todo o sempre. Nesse exato momento temos mães rezando por seus filhos onde quer que eles estejam, temos mães se doando em diferentes frentes, no anonimato para que o mundo não venha abaixo de vez; não fossem as mães não seríamos o que somos hoje, pensemos também que muitos gostariam de estar onde estamos agora e mais do que tudo, gostariam de ter a mãe tão generosa que temos perto.

Bioeticamente, temos muito que agradecer às nossas mães e mais ainda aprender com elas, nelas se encontra uma sabedoria inata, intrínseca à própria feminilidade, muitas das mães talvez não possuam diploma universitário ou algo parecido, conhecemos tão bem pessoas que possuem inúmeros pós-doutorados, mas são um fracasso retumbante humanamente, conhecemos inúmeras mães que mal frequentaram o ensino primário e nos dão lições de vida para todo o sempre, tem uma experiência profunda da vida verdadeira, algo que hoje estamos muito carentes, somos quase que analfabetos diplomados frente à elas. Jamais podemos esquecer também de uma mãe que nos provê todos os dias, aquela que nos derrama inúmeros benefícios cotidianamente, é a nossa Mãe Terra, apesar de sermos muitas vezes filhos ingratos com ela, ela não se cansa de nos amar ternamente, obrigado Mãe Terra por nos oferecer tantos bens, obrigado Mãe Terra por dar à todas mães inúmeras oportunidades para verem seus filhos crescerem, se desenvolverem e existirem.

Rosel Antonio Beraldo, mora em Verê-PR, Mestre em Bioética e Especialista em Filosofia pela PUC-PR; Anor Sganzerla, de Curitiba-PR, é Doutor e Mestre em Filosofia, é professor titular de Bioética na PUCPR.

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