Jesus chama “os que quis”!

Dom Edgar Xavier Ertl

Deus chama algumas pessoas para uma missão determinada e as capacita para cumpri-la. O chamado procede da liberdade soberana de Deus. Nota-se na escolha dos Doze Apóstolos, que Jesus faz um chamamento espontâneo e livre, “os que quis” (cf. Mc 3,13) e estes “foram com ele… para que convivessem, para enviá-los a pregar….”. Aos que foram chamados exige-se o despojamento, na fé, pela obediência. Dos escolhidos, num primeiro momento, suscita quase sempre o tremor e o temor no coração diante da missão confiada, inclusive a incapacidade ou indignidade diante da proposta do Senhor.

 

Caraterísticas comuns dos chamados

Por sua vez, o termo vocação possui um conteúdo religioso – “inspiração com Deus chama a assumir algum estado, especialmente religioso” – assim os dicionários a definem. Seu chamado está ligado a uma eleição desde o primeiro instante da vida, desde o princípio de sua existência. Um caso paradigmático é Jr 1,4-5: “Antes de formar-te dentro do seio de tua mãe…”. A vocação vai acompanhada de uma missão que Deus confia e de uma mensagem a transmitir. No caso de São Pedro, sua missão é apascentar o rebanho (cf. 1Pd 5,2-3). Paulo, por sua vez, confessa que “anunciar a boa notícia não é para mim motivo de orgulho, mas obrigação que me incumbe. Ai de mim se eu não anunciar!” (1Cor 9,16). Consequentemente, no chamado vocacional, o serviço ao Senhor se transforma no serviço ao povo de Deus. Ele é quem sustenta o vocacionado e retribui o seu “salário”, ou seja, “cem vezes mais” (Mc 10,30).

 

Vocação como empenho e dedicação eclesial

Procurando compreender a vocação em todas as suas dimensões, não somente a ministerial, presbiteral e ou religiosa como chamado de Deus, vale a pena prestar atenção em alguns elementos que são valorizados como o fato de ser uma resposta livre ao chamado-experiência de Deus dentro, por meio, e para uma comunidade para comprometer-se a servir os outros e por extensão todos os leigos/as são chamados pelo batismo. O primeiro compromisso do vocacionado é como Deus e seu reinado. Não obstante, em segundo lugar implique uma dimensão comunitária dentro da Igreja. Sustenta-se na Igreja, para conduzir a missão dela, proclamando o Reino de Deus presente no mundo. Servir às pessoas a Cristo como obra de misericórdia, e a primeira é o amor ao próximo (cf. Mt 25,31-46).

Em toda vocação subjaz uma peculiaridade carismática. Uma vez que é o Espírito que chama cada um e lhe confere um lugar dentro dessa Igreja ou fora dela, conforme a particularidade e pessoal ou institucional por meio da qual chama. Isto é, a vocação não é algo que tenha uma simples característica privada nem individualista. Não é em benefício próprio, embora haja benefícios pessoais de reconhecimento social, um trabalho fixo, relações e possibilidades de ascensão. Prevalece o serviço à comunidade colocando em segundo plano os interesses pessoais. É voluntária, ou seja, exige disciplina para subordinar nossos interesses pessoais ao serviço dos demais. Deus vocaciona-nos sempre para os outros!

 

Mês vocacional

O mês de agosto, conforme costume da Igreja do Brasil, é dedicado à oração, reflexão e ação nas comunidades sobre o tema das vocações. Por isso, lembra-se: 1ª Semana: vocação para o ministério ordenado – diáconos, padres e bispos; 2ª Semana: vocação para a vida em família – atenção especial aos pais; 3ª Semana: vocação para a vida consagrada – religiosas/os e consagrados/as seculares; 4ª Semana: vocação para os ministérios e serviços na comunidade; último domingo de agosto: Dia Nacional do Catequista. À luz do mistério de Jesus Cristo, cada pessoa compreende a sua vocação como graça e missão! Rezemos, pois, por todas as vocações em benefício da Igreja Diocesana de Palmas-Francisco Beltrão.

Dom Edgar Xavier Ertl – Diocese de Palmas-Francisco Beltrão

 

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