Maria, discípula e missionária

Dom Edgar Xavier Ertl

O mês de outubro caracteriza-se como o “Mês missionário”. Na Assembleia de Aparecida, em 2023, os bispos, no Documento Final, dedicaram alguns capítulos à Maria, Mãe de Jesus, com o título de “Discípula e Missionaria (cf. DA 266-272). À nossa oração, reflexão e atitudes missionária, servimo-nos dalguns textos marianos. 

A máxima realização da existência cristã como um viver trinitário de “filhos no Filho” nos é dada na Virgem Maria que, através de sua fé e obediência à vontade de Deus, assim como por sua constante meditação da Palavra e das ações de Jesus, é a discípula mais perfeita do Senhor. Interlocutora do Pai em seu projeto de enviar seu verbo ao mundo para a salvação humana, com sua fé, Maria chega a ser o primeiro membro da comunidade dos crentes em Cristo, e também se faz colaboradora no renascimento espiritual dos discípulos. Sua figura de mulher livre e forte, emerge do Evangelho conscientemente orientada para o verdadeiro seguimento de Cristo. 

Ela viveu completamente toda a peregrinação da fé como mãe de Cristo e depois dos discípulos, sem que fosse livrada da incompreensão e da busca constante do projeto do Pai. Alcançou, dessa forma, o fato de estar ao pé da cruz em uma comunhão profunda, para entrar plenamente no mistério da Aliança. Com ela, providencialmente unida à plenitude dos tempos chega o cumprimento da esperança dos pobres e do desejo de salvação. A Virgem de Nazaré teve uma missão única na história da salvação, concebendo, educando e acompanhando seu filho até seu sacrifício definitivo. 

Maria participa com o nascimento da Igreja como “Rainha dos Apóstolos” 

Desde a cruz, Jesus Cristo confiou a seus discípulos, representados por João, o dom da maternidade de Maria, que nasce diretamente da hora pascal de Cristo: “E desse momento em diante, o discípulo a recebeu em sua casa”. Perseverando junto aos apóstolos à espera do Espírito, ela cooperou com o nascimento da Igreja missionária, imprimindo-lhe um selo mariano que a identifica profundamente. Como mãe de tantos, fortalece os vínculos fraternos entre todos, estimula a reconciliação e o perdão e ajuda os discípulos de Jesus Cristo a experimentarem como uma família, a família de Deus. 

Em Maria, encontramo-nos com Cristo, com o Pai e com o Espírito Santo, assim como com os irmãos. Como na família humana, a Igreja-família é gerada ao redor de uma mãe, que confere “alma” e ternura à convivência familiar, Maria, Mãe da Igreja, além de modelo e paradigma da humanidade, é artífice de comunhão. Um dos eventos fundamentais da Igreja é quando o “sim” brotou de Maria. Ela atrai multidões à comunhão com Jesus e sua Igreja, como experimentamos muitas vezes nos santuários marianos. Por isso, como a Virgem Maria, a Igreja é mãe. Esta visão mariana da Igreja é o melhor remédio para uma Igreja meramente funcional ou burocrática. 

Papa Bento XVI em Aparecida

O Papa veio a Aparecida com viva alegria para nos dizer em primeiro lugar: Permaneçam na escola de Maria. Inspirem-se em seus ensinamentos. Procurem acolher e guardar dentro do coração as luzes que ela, por mandato divino, envia a vocês a partir do alto”. Ela, que “conservava todas estas recordações e meditava em seu coração”, ensina-nos o primado da escuta da Palavra na vida do discípulo e missionário. Em nossas comunidades, sua forte presença tem enriquecido e seguirá enriquecendo a dimensão materna da Igreja e sua atitude acolhedora, que a converte em “casa e escola da comunhão”, e em espaço espiritual que prepara para a missão. Os fiéis católicos da Diocese de Palmas-Francisco Beltrão podem peregrinar ao longo do ano em quatro santuários diocesanos: Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora da Salette, Nossa Senhora de Fátima e Nossa Senhora da Saúde. 

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