O meu Reino não é deste mundo!

Dom Edgar Xavier Ertl

A Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo, que marca o fim do ano litúrgico, transferida para o último domingo do Tempo Comum, 20 de novembro, é uma proclamação de fé eclesial que afunda as suas raízes na história do antigo Israel. A promessa feita ao rei Davi (cf. 2Sm,1-17), foi cumprida em etapas até chegar à sua plenitude no Mistério da Encarnação, vida pública, Paixão, morte, Ressurreição e Ascensão do Senhor Jesus aos Céus, recebendo todo o domínio e assumindo o lado direito de Deus Pai, conforme rezamos no Credo.

Se, por um lado, a Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo, possui e transmite um tom triunfalista, por outro lado, a forma com vem declarada pela Igreja Católica na sua Doutrina, fazendo uso do relato da crucifixão, permite que o fiel supere essa mentalidade e perceba o real e necessário: Jesus Cristo crucificado para os fiéis é o ponto de referência e a chave interpretativa para a justa interpretação de quem é o ser humano e quem é Deus. Desse modo, sublinha-se e se faz justa distinção entre o poder e autoridade. O primeiro, o poder, oprime e conduz à morte. O segundo, a autoridade, liberta e salva, isto é, promove a vida em abundância. Aqui reside o título a Jesus: Rei do Universo, cujo poder absoluto é o amor.

Amor incondicional de Deus pela humanidade!

A experiência da autoridade de Jesus, vivida na celebração do seu Mistério Pascal, põe o fiel diante da máxima característica da Palavra de Deus: é encarnada na realidade em que estamos para ser força capaz de transformá-la a partir de dentro. No centro da ação litúrgica está o anúncio e a eficácia do amor incondicional de Deus pela humanidade. Jesus crucificado, Rei do Universo, é, portanto, o Salvador. O Divino Pastor, que reverte a sua sentença de morte em declaração de vida. Em cada comunidade de fé, quem vive com Jesus Cristo passa a ter a certeza de que se prepara para morrer n’Ele para, então, viver eternamente no seu Reino de amor, justiça, paz e imortalidade. Vale lembrar o episódio do Evangelho deste domingo, quando um dos crucificados, tidos como “ladrões”, ao lado de Jesus, na cruz, pede-lhe, com insistência: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado”. Jesus lhe respondeu: “Em verdade eu te digo, ainda hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23,42-43). O ladrão arrependido, na sua suprema agonia, reconhece que Jesus é o Cristo, como Rei, Salvador, Redentor, ou seja, o “Rosto da Misericórdia de Deus”.

Ano Vocacional

De novembro de 2022, a novembro de 2023, a Igreja do Brasil viverá um clima extraordinário e esperançoso com o “Ano Vocacional”. A realização do 3º Ano Vocacional no Brasil celebra 40 anos de um lindo caminho da Pastoral Vocacional, desde 1983, quando o primeiro ano foi celebrado. Desde então foram realizados congressos, simpósios e diversos encontros vocacionais a nível nacional e continental. O Ano Vocacional é promovido pela Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB e tem como lema “vocação é dom, é graça”, inspirando-se na passagem bíblica dos discípulos de Emaús “corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24,32-33). O encontro dos discípulos com o Ressuscitado foi imensurável. A experiência e a notícia são muito grandes para ficar com eles. Imediatamente, sem reparar as duas léguas de distância, nem a escuridão da hora, regressaram a Jerusalém. O 3º Ano Vocacional do Brasil deseja promover a cultura vocacional nas comunidades eclesiais, nas famílias e na sociedade, para que sejam ambientes favoráveis ao despertar de todas as vocações, como graça e missão, a serviço do Reino de Deus. Desejamos que o Ano Vocacional ajude cada pessoa a acolher o chamado de Jesus como graça e seja uma oportunidade para que mais e mais corações ardam e que os pés se ponham a caminho em saída missionária na Igreja Diocesana de Palmas-Francisco Beltrão.

Bispo da Diocese de Palmas-Francisco Beltrão-PR

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