Paternidade responsável e o filho único

Padre Judinei Vanzeto

Na metodologia e conteúdo da preparação dos noivos católicos que buscam a Igreja para pedir o Sacramento do Matrimônio é refletido sobre a paternidade responsável. É refletido sobre o ato sexual pelo seu duplo objetivo, denominado unitivo e procriativo. O Catecismo da Igreja Católica ensina que “pela união dos esposos realiza-se o duplo fim do Matrimônio: o bem dos cônjuges e a transmissão da vida” (CIC n. 2363).

Os filhos, portanto, são frutos do amor conjugal. Mas em diversos países do mundo é visível a redução de filhos por casal, uma cultura muito presente, sobretudo, em países ricos. Assim, tem diminuído o número de professores de educação infantil e médicos pediatras se transformam em geriatras, pela redução de crianças e aumento de idosos.

Muitos governos estão preocupados com a questão da aposentadoria. Com poucos filhos, o número de aposentados cresce e os trabalhadores na ativa diminui. Com isso, vários países têm estimulado casais a terem mais filhos com incentivos financeiros e descontos de impostos.

  O Papa Francisco tem ensinado que “num mundo muitas vezes marcado pelo egoísmo, a família numerosa é uma escola de solidariedade e de partilha; e destas atitudes se beneficia toda a sociedade”. Por outro lado, há a realidade das famílias com o filho único. São muitos os motivos que podem levar a ter apenas um filho. As razões justas são de discernimento do casal e de mais ninguém.

Ao criar um filho único existem muitos desafios e, às vezes, até mais do que a razão de ter mais filhos. O filho único não precisa dividir com outro irmão nada do que esteja comendo. Os pais de filho único costumam ser demasiadamente preocupados e exigentes, chegando ao ponto sufocá-lo.

Recentemente, o Papa Francisco comentou sobre a riqueza do relacionamento entre irmãos: “Ter um irmão, uma irmã que te quer bem, é uma experiência forte, impagável, insubstituível” e reiterou: “não privemos com leviandade as nossas famílias, por sujeição ou medo, da beleza de uma ampla experiência fraternal de filhos e filhas”.

A Igreja afirma que o compromisso de aceitar os filhos não é exclusividade dos casais jovens ou de quem ainda não tem filhos, mas de todos que contraem o Matrimônio, caso não houver nenhum impedimento físico. Cada Matrimônio é único e “os filhos são o dom mais excelente do Matrimônio” (HV n. 9).

Portanto, as famílias numerosas constituem numa alegria para a Igreja e a sociedade. Nestas famílias, o amor manifesta a sua fecundidade generosa. Pois São João Paulo II, ao ensinar sobre a paternidade responsável, escreveu: a “procriação ilimitada ou falta de consciência acerca daquilo que é necessário para o crescimento dos filhos, mas é, antes, a faculdade que os cônjuges têm de usar a sua liberdade inviolável de modo sábio e responsável, tendo em consideração tanto as realidades sociais e demográficas, como a sua própria situação e os seus legítimos desejos”.

Enfim, o grande desafio da paternidade responsável é o perigo de viver uma paternidade egoísta, inclusive a decisão de ter um animal ao invés de filhos.

Jornalista e Pároco da Paróquia São Roque de Coronel Vivida-PR

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