Sempre fica algo de bom do ano que se foi

Então, bem ou mal chegamos ao fim do ano de 2023, do ponto de vista humano, um tempo indefinível, complexo, com categorias diferenciadas para onde quer que se vá, não é possível fazer uma leitura completa dessa hora, só mesmo daqui um tempo considerável é que poderemos fazer algumas conjecturas. Um ano marcado pela maciça e constante presença da inteligência artificial entre nós, um possível remédio para muitos males que nos afligem, muitas promessas que ainda precisam ser melhor avaliadas. Inteligência artificial: um bem? Um mal? A imensa maioria dos pobres mortais não sabem exatamente o que ela significa, até mesmo entre os estudiosos do tema há muitas controvérsias, ela pode sim trazer muitos benefícios, também por outro lado pode ser uma arma poderosa para escravizar, tirar o sustento dos trabalhadores; ela pode vir a ser um divisor de águas.

Outra mancha horrenda nesse ano de 2023, foram as muitas guerras, Rússia e Ucrânia e Israelenses e Árabes, isso para ficarmos apenas nesses dois exemplos, quando sabemos que no mundo todo acontecem outras tantas guerras menores, tão letais quanto essas duas mencionadas. Doloroso é notarmos também a ineficácia das muitas instituições, da inércia dos governantes, mesclada também com uma dose cavalar de indiferença, jogos de interesse e falta de vontade em se buscar a paz. A indústria armamentista vergonhosamente se alimenta da tragédia chamada guerra, quantos bilhões de dólares ela arrecada com a morte de tantos inocentes; quantos Herodes, travestidos de uma imagem que não condiz com a realidade se fazem de santos, semblantes tristes e melancólicos, quando na verdade todos sabemos que estão poucos ou nada preocupados com as vidas.

Não podemos deixar de mencionar que o ano de 2023 foi marcado tremendamente pela crise climática, temperaturas escaldantes, cheias que ceifaram muitas vidas, secas em lugares até então impensáveis fizeram a terra virar deserto da noite para o dia, incêndios ceifando vidas extra-humanas em quantidade inimaginável, tornados de magnitudes extrema, terremotos, a Mãe Terra, sob vários aspectos dando muitos sinais que ela se encontra doente e quem paga a conta somos sempre nós. Infelizmente não podemos dizer que a COP-28 foi um sucesso, foi uma entre tantas tentativas de sensibilizar a comunidade internacional para com esse grave problema; muitos participantes presentes em Dubai se encantaram com as belezas do local, o luxo que o dinheiro pode fazer e comprar, mas pouco se empenharam em resolver a crise climática, cafés e festas falaram sim mais alto.

Mesmo que muitos torçam o nariz ou levantem a voz para o tema, ele precisa vir à tona, 2023 foi também marcado por muitas violações dos direitos humanos mais elementares, ferindo assim a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Constituição do Brasil, de 1988, pegando um ou outro documento notaremos que a retórica de ambos é maravilhosa, inigualável e impecável apenas nas boas intenções, mas quando trazidas para o nosso cotidiano, todos percebemos que eles são apenas uma sombra daquilo que realmente deveriam ser; quando temos alguns pequenos avanços cremos piamente que conquistamos o mundo. Os direitos humanos em hipótese alguma são apenas para as pessoas menos desfavorecidas, presos, são eles para todos, precisamos afastar a imagem negativa que temos dos direitos humanos e entender que eles dizem respeito a todos nós.

Nosso extenso, querido e belo  Brasil abraçou o ano de 2023 de corpo e alma, aqui não é diferente de nenhum outro lugar no mundo, não somos o melhor país, mas também é verdade que não somos o pior, é uma ilusão acreditar candidamente que lá fora os outros são melhores do que nós, que lá fora tudo funciona perfeitamente, que tendo esta ou aquela nacionalidade, isto nos fará melhores pessoas, que lá fora não há problemas, pois a realidade nua e crua nos desmente com perfeição invejável; somos o que somos. Nosso amado Brasil, possui belezas e oportunidades inigualáveis, não precisamos imitar os de fora, nem comprar suas ideias prometeicas, muitas inclusive em desuso total lá fora. Um brasileiro sozinho mudará muito pouco a realidade, só teremos sucesso, caso abracemos em conjunto todas as tarefas que estão aí diante de nossos olhos para serem realizadas.

Bioeticamente, o badalado ano de 2023 não foi para amadores, quem conseguiu passar por todos os altos e baixos que ele nos proporcionou, pode-se considerar um vitorioso nesse mar tempestuoso de contradições, em muitos pontos avançamos de modo vertiginoso, já em outros andamos mais lentos do que as tartarugas. Com certeza pudemos fazer muitas coisas boas e por isso devemos ser sempre gratos, aquilo que fizemos mais ou menos, merece por nossa parte uma atenção melhorada; voltar o olhar e o pensamento para o ano que se encerra é um excelente exercício para ativar nossa memória, que anda meio esquecida sobre tantos pontos em nossas vidas nesses dias. Podemos acreditar que estamos perdidos, mas isso não é verdade, sempre há alguém ao nosso lado nos estimulando para ficarmos em pé, ter confiança, esperança; a grande maioria da sociedade não quer guerras, não aceita essa brutal desigualdade, quem pensa assim é a grande maioria; coitado sim é aquele que acredita que com sua empáfia e soberba sairá vitorioso.

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