O documento aponta que as os Green, Social, Sustainability Bonds (GSS) dominavam as emissões no mercado externo até 2020, sendo superados pelos Sustainability-Linked Bonds (SLBs) no ano passado. No primeiro tipo de título, os recursos estão diretamente ligados a projetos sustentáveis, enquanto no segundo tipo o dinheiro não está “carimbado”, mas está ligado a metas ESG que devem ser atendidas pelos tomadores.
“As emissões de SLBs no ano de 2021 superaram, em quantidade e volume financeiro, o total de green bonds emitidos desde 2015. Os green bonds predominam entre os emissores bancários, enquanto, para as empresas não financeiras, destacam-se os SLBs”, destaca o BC.
Já as emissões no mercado doméstico continuam sendo majoritariamente na forma de green bonds, sobretudo por meio de debêntures (68%) e letras financeiras (8%), mas também via CRAs, CRIs, FIIs, FDICs e empréstimos.
As empresas não financeiras são as principais emissoras de papéis sustentáveis, sendo responsáveis por 88% dos títulos emitidos no mercado externo e 89% do volume doméstico desde 2016. “Os setores de papel e celulose e alimentos e bebidas são predominantes nas emissões no mercado externo, enquanto o de energia elétrica destaca-se nas emissões no mercado doméstico”, detalha o documento.
A maior parte dos recursos levantados vem do exterior. O mercado externo responde por 70% do volume financeiro emitido desde 2015, sendo que 65% desse valor foi obtido somente no ano passado. “Em 2021, cerca de apenas 7% das emissões no mercado doméstico apresentaram características de sustentabilidade, sendo tal proporção de 47% no caso das emissões externas”, acrescenta o boxe.
O volume financeiro global de emissões sustentáveis chegou a US$ 1,6 trilhão no biênio 2020-2021, quase o dobro de todo o fluxo entre 2015 e 2019. Os papéis brasileiros representaram apenas cerca de US$ 20 bilhões no período, mas quase o triplo do verificado entre 2015 e 2019. O BC destaca que as emissões brasileiras de títulos sustentáveis representam pouco mais de 1% das emissões globais, sendo que o Brasil é o segundo maior emissor da América Latina, atrás somente do Chile.
Por outro lado, o documento alerta que o financiamento por meio de títulos sustentáveis apresenta alguns riscos, entre eles o risco financeiro e o risco de imagem. “O risco financeiro decorre do aumento no custo da dívida (step-up dos cupons) em caso de descumprimento das metas quando o financiamento acontece sob a forma de SLBs. O risco de imagem pode ser associado tanto ao descumprimento das metas como ao greenwashing, prática que coloca em risco a própria reputação do mercado de emissões sustentáveis”, conclui o BC.
A autoridade monetária irá publicar no próximo dia 6 de outubro o Relatório de Economia Bancária de 2021, às 8 horas. Às 11 horas, o diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, o diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução, Renato Gomes, e o diretor de Fiscalização, Paulo Souza, concederão entrevista coletiva virtual sobre o documento.
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