A conversa de ontem durou duas horas. “O presidente Biden deixou claro que os EUA e nossos aliados responderiam com fortes medidas econômicas no caso de uma escalada militar”, informou a Casa Branca, em comunicado. Não ficou claro, porém, quais seriam essas medidas.
Fontes oficiais informaram, na segunda-feira, 6, que as ações seriam para isolar a Rússia do sistema financeiro internacional, uma medida reservada para casos extremos. As últimas sanções contra os russos, após a escalada de tensões de 2014, na Crimeia, não surtiram nenhum efeito.
No encontro, Putin exigiu garantias de que a Otan não se expandirá para o leste, em direção à Ucrânia – conter a ampliação da aliança atlântica na direção da esfera de influência da antiga União Soviética tem sido uma das pedras angulares da política externa da Rússia. “A Otan está empreendendo tentativas perigosas de usar o território ucraniano e desenvolver seu potencial militar em nossas fronteiras”, afirmou o Kremlin, em comunicado.
Os líderes também conversaram sobre controle de armas nucleares, segurança cibernética e o programa nuclear iraniano. Ambos disseram esperar que os dois líderes possam realizar uma cúpula presencial. O encontro, o mais importante do governo Biden até o momento, começou às 10 horas de Washington (12 horas de Brasília).
Biden estava na Casa Branca. Putin, em sua casa em Sochi, cidade turística russa no Mar Negro. A TV estatal russa divulgou imagens do início do encontro, com Putin acenando para o presidente americano. “Saudações, senhor presidente!” disse. “É bom ver você de novo”, respondeu Biden. “Infelizmente, da última vez não nos vimos no G-20. Espero que da próxima vez que nos encontrarmos o façamos pessoalmente.”
Divergências
Apesar da cordialidade, Putin e Biden tinham uma enorme lista de divergências para tratar, sendo a mobilização de tropas russas ao longo da fronteira da Ucrânia o ponto mais sensível da reunião. A situação voltou a ficar tensão nas últimas semanas em razão da crescente ajuda militar ocidental aos ucranianos. A ex-república soviética se inclinou para o Ocidente desde que uma revolta popular derrubou o então presidente pró-Rússia, em 2014. Moscou vê essa aproximação como um avanço da Otan na direção de seu território.
Em um discurso ao Conselho do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, em novembro, Putin advertiu que o Ocidente tem uma abordagem superficial com relação aos alertas russos. Moscou nega qualquer plano para invadir a Ucrânia e diz que a mobilização de tropas é parte de exercícios militares de rotina.
O país teria construído linhas de abastecimento, unidades médicas e de combustível. Os equipamentos que estão na região poderiam abastecer forças da linha de frente por até dez dias. O movimento fez disparar o alarme na Europa e nos EUA sobre a chance de o Kremlin ordenar uma invasão – manobra que poderia envolver 175 mil soldados. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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