Nesta sexta-feira, 21, o Brasil registrou 2.136 novas mortes pela covid-19. A média semanal de vítimas, que elimina distorções entre dias úteis e fim de semana, ficou em 1.963, com uma pequena queda em relação ao dia anterior, quando marcou 1.971. Mas a subida nos números na última semana estão gerando apreensão.
A média móvel de óbitos estava em 1.910 no sábado, mas durante a semana foi subindo e voltou a se aproximar da marca de 2 mil mortes. Já a média móvel de casos, na mesma data, estava em 62.855, mas desde então cresceu até chegar a 64.978 nesta sexta-feira. Ainda não dá para saber se isso é reflexo da flexibilização das medidas restritivas em muitos lugares ou por causa de recentes aglomerações pelo feriado do Dia do Trabalho ou pelo Dia das Mães.
Um dado que deixa o alerta ligado é que a taxa de ocupação dos leitos de UTI para covid-19 cresceu 7,5% desde o final de abril na rede hospitalar privada do Estado de São Paulo. Pesquisa do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios (SindHosp), realizada entre 11 e 17 de maio, mostrou que 85% dos hospitais já têm ocupação superior a 80%.
Para Mônica Levi, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o relaxamento nas regras foi precoce. “Na verdade não era para ter desligado o alerta, pois essa situação já era esperada. Especialistas já previam isso e nos meses de junho e julho podemos chegar ao pico de 4 a 5 mil mortes diárias”, diz. “Não saímos da primeira ou da segunda onda.”
A médica lamenta essa dinâmica de reabertura logo que os números começam a diminuir um pouco. “Nunca fizemos um lockdown para valer, que é o que teria funcionado junto com uma vacinação em massa. É preferível fechar para valer por um período curto, e depois reabrir, do que ficar desse jeito. Isso só desgasta ainda mais as pessoas. E o porcentual da população vacinada no Brasil é baixo, não reduz taxa de transmissão”, explica.
Ela cita os exemplos do Reino Unido, Nova Zelândia e Israel, que fecharam tudo e aceleraram a vacinação. E agora já podem viver com muito mais “normalidade” do que antes. “Os marcadores para dar as diretrizes de lockdown ou abertura estão errados. Precisa levar em conta um número inferior a 20 casos para cada 100 mil habitantes durante duas semanas e os testes de PCR positivo em menos de 5% das amostras testadas.”
Nesta sexta-feira, o número de novas infecções notificadas foi de 77.598. No total, o Brasil tem 446.527 mortos e 15.976.156 casos da doença, a segunda nação com mais registros de óbitos, atrás apenas dos Estados Unidos. Os dados diários do Brasil são do consórcio de veículos de imprensa formado por Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL em parceria com 27 secretarias estaduais de Saúde, em balanço divulgado às 20h. Segundo os números do governo, 14.422.209 pessoas estão recuperadas.
O Estado de São Paulo registrou nesta sexta-feira um número alto de mortes por coronavírus, totalizando 580. Outros quatro Estados também superaram a barreira de 100 óbitos no dia: Minas Gerais (327), Rio de Janeiro (214), Paraná (172) e Rio Grande do Sul (119).
O balanço de óbitos e casos é resultado da parceria entre os seis meios de comunicação que passaram a trabalhar, desde o dia 8 de junho, de forma colaborativa para reunir as informações necessárias nos 26 Estados e no Distrito Federal. A iniciativa inédita é uma resposta à decisão do governo Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia, mas foi mantida após os registros governamentais continuarem a ser divulgados.
Nesta sexta-feira, o Ministério da Saúde informou que foram registrados 76.855 novos casos e mais 2.215 mortes pela covid-19 nas últimas 24 horas. No total, segundo a pasta, são 15.970.949 pessoas infectadas e 446.309 óbitos. Os números são diferentes do compilado pelo consórcio de veículos de imprensa principalmente por causa do horário de coleta dos dados.
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