Cartilha do Paraná dá visibilidade à superdotação na educação

A Assembleia Legislativa do Paraná, por meio da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança, do Adolescente e da Pessoa com Deficiência (CRIA), lançou uma cartilha inédita para dar visibilidade aos educandos com altas habilidades/superdotação (AH/SD). Intitulada “É preciso se encaixar para ser feliz?”, a publicação marca a Semana Estadual das Altas Habilidades/Superdotação, celebrada em 10 de agosto, conforme a Lei Estadual nº 21.743/2023.

Voltado a educadores, profissionais da educação, famílias e sociedade em geral, o material esclarece o que são as AH/SD, como identificar esses perfis, quais são as características cognitivas e emocionais mais comuns, e orienta sobre os direitos legais garantidos a esses estudantes e suas famílias.

O deputado estadual Evandro Araújo (PSD), presidente da CRIA e autor da lei que institui o Dia Estadual das Altas Habilidades, destaca que a cartilha é fruto de uma demanda identificada durante as atividades da comissão. “Desde que começamos a tratar desse tema, percebemos uma escassez de informações, o que torna essa população vulnerável e invisibilizada. A cartilha é uma forma de ampliar o debate, com linguagem acessível, embasamento técnico e foco na proteção e no desenvolvimento dessas pessoas”, afirmou.

A elaboração do conteúdo teve apoio voluntário de especialistas, como a professora Laura Ceretta Moreira, doutora em neurociência na educação e docente da UFPR; a neuropsicopedagoga Solange Klinger; e Lucinéia Menezes Meister, mãe de criança com AH/SD, que contribuiu com a perspectiva da vivência familiar.

Apesar de estimativas internacionais, como as da National Association for Gifted Children (2022), indicarem que até 10% da população mundial apresenta traços de superdotação, o número de casos identificados no Brasil é significativamente inferior. Segundo o Censo Escolar 2024, apenas 44.171 estudantes com AH/SD foram identificados, o equivalente a 0,09% dos 47,1 milhões de alunos matriculados em todas as etapas da educação básica.

No Paraná, são 10.135 estudantes identificados, número expressivo diante do total nacional, mas ainda distante do esperado pela ciência. Entre os municípios com maiores registros estão Curitiba (1.330), Londrina (1.110) e Maringá (898).

“Há um estigma equivocado de que crianças com altas habilidades têm vantagens naturais e não precisam de apoio. Mas a falta de reconhecimento e acompanhamento adequado pode levar a depressão, isolamento social, ansiedade e evasão escolar”, alerta Araújo.

A cartilha integra o conjunto de ações previstas na Lei Estadual 21.743/2023, também de autoria de Evandro Araújo, que estabelece diretrizes para identificação, atendimento especializado e capacitação de educadores no atendimento a alunos com Altas Habilidades e Superdotação na rede pública.

“Nosso objetivo é cumprir o que determina a lei: conscientizar, formar e capacitar. Só conseguiremos isso com informação técnica, de qualidade e acessível a todos os envolvidos”, concluiu o parlamentar.

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