Dieta Mediterrânea ajuda na prevenção da ansiedade e depressão

Conhecida pelos benefícios cardioprotetores, a Dieta Mediterrânea também pode ser aliada da saúde mental. Um estudo brasileiro publicado no periódico científico Mediterranean Journal of Nutrition and Metabolism apontou associação entre esse padrão alimentar e a redução de sintomas de ansiedade e depressão.

A pesquisa analisou 199 adultos em São Paulo, que responderam questionários sobre hábitos alimentares e bem-estar emocional. Os sintomas foram avaliados com o Inventário de Beck, ferramenta internacionalmente validada para identificar depressão e ansiedade.

Segundo a nutricionista Lara Natacci, da Faculdade de Saúde Pública da USP, principal autora do trabalho, indivíduos que seguem um padrão alimentar próximo ao mediterrâneo apresentaram menor tendência a sintomas depressivos e ansiosos.

Antioxidantes e anti-inflamatórios como aliados

Embora o estudo aponte apenas uma associação — sem comprovar causa e efeito — outras pesquisas mostram que os benefícios estão ligados às substâncias antioxidantes e anti-inflamatórias encontradas nesses alimentos.

O cérebro, por ser altamente ativo, produz muitos radicais livres. O excesso dessas moléculas pode danificar células cerebrais. Nessa lógica, carotenoides e fenólicos presentes em frutas, verduras e legumes, além do ômega-3 de peixes como atum, sardinha e salmão, atuam como agentes protetores.

As frutas vermelhas, por sua vez, oferecem antocianinas, enquanto vitaminas como A, C e E, e minerais como zinco e selênio, presentes em cítricos, nozes e frutos-do-mar, também colaboram para reduzir inflamações e proteger o cérebro.

Redução de gorduras saturadas e açúcares

O nutrólogo Celso Cukier, do Hospital Israelita Albert Einstein, lembra que a literatura científica já associou o excesso de gorduras saturadas — presentes principalmente em carnes vermelhas — a prejuízos à saúde física e mental.

Ele destaca ainda que, além da Dieta Mediterrânea, a Dieta Mind, criada nos Estados Unidos com foco na neuroproteção, também apresenta bons resultados, especialmente quando há redução do consumo de açúcares e sal.

Intestino e cérebro: uma conexão importante

Outro aspecto ressaltado pela pesquisa é a ligação entre microbiota intestinal e saúde mental. Cardápios ricos em grãos integrais, hortaliças, feijões e frutas contribuem para fortalecer as bactérias benéficas do intestino, que influenciam diretamente funções cerebrais.

Como adotar a Dieta Mediterrânea no Brasil

Segundo Natacci, não é difícil adaptar o padrão mediterrâneo à realidade brasileira. Entre as orientações estão:

  • Priorizar peixes, ovos e aves, limitando carnes vermelhas;
  • Consumir lácteos magros e fermentados, como iogurtes e queijos brancos;
  • Incluir leguminosas no cardápio, como feijão, lentilha e grão-de-bico;
  • Utilizar azeite de oliva ou alternativas como óleo de canola e abacate;
  • Valorizar cereais integrais (pães, massas e arroz);
  • Optar por frutas nativas ricas em antioxidantes, como jabuticaba e açaí.

O estudo reforça que, além da alimentação, a Dieta Mediterrânea envolve também exercícios ao ar livre, refeições compartilhadas, lazer e equilíbrio no estilo de vida.

Fonte: Agência Einstein

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