Medalhista paralímpico Rodolpho Riskalla, exemplo de superação e força de vontade

A primeira pergunta que Rodolpho Riskalla, medalhista de prata nos Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020, fez para os médicos antes de decidir pela amputação tibial das duas pernas foi: “Eu vou poder voltar a montar a cavalo de novo?”. O ano era 2015 e Riskalla, competidor de hipismo convencional, viu a vida mudar depois de vir ao Brasil visitar o pai que estava doente. O cavaleiro adquiriu uma meningite bacteriana que o fez adoecer e levá-lo ao coma, impedindo-o de voltar à França, onde morava na época.

Quando acordou, Rodolpho não sentia as mãos. Perdeu os dedos da mão direita, e parte dos dedos da mão esquerda. Por haver uma baixa sensibilidade nas pernas, ainda tinha esperança de que não fosse necessário amputar os pés. Mas ao saber que seria submetido a uma série de cirurgia e de que passaria mais um longo tempo no hospital, resolveu pela amputação.

Passados cinco anos da operação, Rodolpho Riskalla conquistou, nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, a sua primeira medalha paralímpica. A prata veio na prova de adestramento classe IV (para atletas com comprometimento leve em um ou dois membros e com deficiência visual moderada). Montado no cavalo Don Henrico, o brasileiro fez uma apresentação consistente e teve 74.659 na pontuação total, sendo superado apenas pela holandesa Sanne Voets, que levou o ouro com 76.585.

Nascido em São Paulo, em 1984, Rodolpho Riskalla começou a competir no hipismo aos 8 anos. A proximidade com o esporte vem de uma família de pais que já tinham o hábito de montar a cavalos. A mãe Rosangele, atual treinadora do cavaleiro, já o treinava desde pequeno no Clube Hípico de Santo Amaro, escola de equitação na capital.

Com 17 anos, Riskalla fez as malas e se mudou sozinho para a Europa, com o objetivo de se aperfeiçoar no hipismo e de se desenvolver como cavaleiro. Se profissionalizou no esporte, chegou a vencer algumas competições, mas sem condições de ter um cavalo que o levasse a patamares maiores na modalidade, resolveu interromper a trajetória no hipismo depois de desempenhos abaixo do esperado. Vivendo na França, ele dava aulas e treinava outros cavaleiros, enquanto conciliava com o trabalho que tinha na empresa do setor de luxo, Christian Dior.

Quando estava no hospital, Rosangele colocou ao lado da cama do filho uma foto em ele competia. O cavaleiro lembra que, apesar de ter dúvidas se era possível voltar a montar sem as duas pernas, a fotografia o estimulava. “Eu estava deitado e ficava observando esses retratos em que estava competindo em anos anteriores. Eu disse para mim mesmo que era possível voltar ao hipismo, e isso me motivou”, disse Riskalla em entrevista ao canal da Federação Equestre Internacional.

Depois de ser submetido a um longo e intenso tratamento, às sessões de fisioterapia e precisar se adaptar às próteses, ele conseguiu competir. Na Paralimpíada do Rio-2016, Riskalla conseguiu a 10.ª colocação na prova individual e ficou em 7.ª na classificação por equipes.

Com o tempo, Riskalla foi conseguindo aprimorar o seu rendimento. Ele foi tricampeão do Concurso Internacional Parequestre de Doha, no Catar, e tricampeão da mesma competição em Mannheim, na Alemanha. Ele também conquistou o ouro no individual no Hartpury Festival of Dressage na Inglaterra, em 2019. Um ano antes, em uma das competições mais importantes do ciclo paralímpico, foi prata no individual e estilo livre nos Jogos Equestres Mundiais dos Estados Unidos.

“Sempre quero mais. Quero vencer, ser o melhor. Sempre fui assim. Foi assim que passei por isso, porque consegui me adaptar. Adaptabilidade é a palavra-chave, e forçar um pouco seus próprios limites. Todos nós temos mais força do que pensamos ter”, diz o cavaleiro, agora medalhista paralímpico.

você pode gostar também

Comentários estão fechados.