Estado compra R$ 130 milhões da agricultura familiar

Criado em 2020 durante a pandemia de Covid-19, o Compra Direta Paraná consolidou-se como uma política pública permanente de impacto social e econômico. De lá para cá, o programa já destinou R$ 130 milhões à compra de alimentos da agricultura familiar e prevê, somente em 2025, investimento de R$ 70 milhões para aquisição e distribuição de produtos a pessoas em situação de vulnerabilidade social em todo o Estado.

Coordenado pelo Governo do Paraná, o programa atua diretamente na promoção da segurança alimentar e nutricional, priorizando a aquisição de produtos orgânicos de cooperativas e associações de pequenos produtores. Os alimentos são entregues a entidades da rede socioassistencial, como hospitais, cozinhas comunitárias, restaurantes populares, casas de longa permanência e Centros de Referência da Assistência Social (CRAS), promovendo alimentação saudável e renda no campo.

Crescimento do programa e impacto social

Desde seu lançamento, o Compra Direta Paraná quase quadruplicou o volume de recursos aplicados, saltando de R$ 18,3 milhões em 2020 para R$ 70 milhões em 2025. Cerca de 19 mil toneladas de alimentos já foram distribuídas a todos os municípios paranaenses, com expectativa de atingir 8,3 mil toneladas apenas em 2025.

“A gente percebe a alegria das pessoas em poder acessar alimentos que normalmente não conseguiriam. São 63 produtos da agricultura familiar, entre hortaliças, grãos, frutas, ovos, pães e sucos, entregues diretamente às entidades”, explica Márcia Stolarski, chefe do Departamento de Segurança Alimentar e Nutricional da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.

Benefício direto ao pequeno produtor

Em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba, a Cooperativa Agropecuária local forneceu 180 toneladas de alimentos ao programa em 2024. Segundo José Cassiano Gomes dos Reis, presidente da cooperativa com 140 produtores cadastrados, o programa garante escoamento da produção, venda certa e preços diferenciados para produtos orgânicos. “É gratificante saber que essas entidades estarão recebendo alimentos de qualidade, e o produtor tem receita garantida o ano inteiro”, afirma.

Como funciona o programa

Os produtores interessados devem estar vinculados a associações ou cooperativas e participar do edital anual da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento. Em 2025, foram 188 cooperativas classificadas de todas as regiões do Estado. Já as entidades socioassistenciais devem se cadastrar nos núcleos regionais de agricultura para receber as entregas semanais.

Durante todo o processo, os produtores contam com assistência técnica do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), que apoia desde o planejamento da produção até a documentação e a adequação ambiental.

Reflexo nas entidades beneficiadas

O impacto positivo também é percebido por quem recebe os alimentos. No Asilo São Vicente, em Curitiba, cerca de 150 idosas são atendidas diariamente com seis refeições. Em 2024, a instituição recebeu 25 toneladas de alimentos, incluindo hortaliças, frutas, feijão e farinhas.

“Sabemos que não estamos falando de qualquer produto, mas de alimentos saudáveis, com qualidade, que nos ajudam a oferecer o melhor para quem cuidamos”, afirma o padre José Aparecido, coordenador da Ação Social do Paraná.

Referência nacional em segurança alimentar

O Paraná possui atualmente o segundo melhor índice de segurança alimentar do Brasil, conforme o IBGE. Essa conquista é fruto de uma política integrada, que inclui o Compra Direta, o Programa Leite das Crianças, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o apoio a Equipamentos Públicos de Segurança Alimentar e Nutricional (Epsan), como hortas comunitárias, restaurantes populares e bancos de alimentos.

No final de 2024, o Governo lançou o IV Plano Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (2024–2027), com 83 metas e mais de 170 ações alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O plano está disponível para consulta pública.

“Mesmo quem tem recursos financeiros, muitas vezes não faz escolhas alimentares saudáveis. O desafio é também levar educação alimentar e promover mudanças nos hábitos de consumo, mostrando que a agricultura e a nutrição caminham juntas”, conclui Márcia Stolarski.

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