Procedimentos deixam de ser tabu para se tornar grandes aliados na saúde, autoconhecimento e satisfação sexual feminina
A estética íntima está a cada dia ganhando novas adeptas. Os procedimentos voltados à esta área estão mudando a maneira com que as mulheres veem e tratam do seu corpo, desmistificando alguns assuntos e sanando problemas antigos de autoestima, promovendo autoconhecimento e mais satisfação com o próprio corpo e sexualidade.
Segundo a médica Patricia Sano Blanco, ginecologista voltada para a ginecologia estética, regenerativa e funcional, muitas mulheres demonstram insatisfação com algumas situações relacionadas a sua região íntima e realizar procedimentos de correção, ajudam a melhorar a autoestima. “A partir do momento que você corrige algo que te incomoda, que causa vergonha na hora do contato íntimo, por exemplo, você melhora não apenas a relação dessa mulher com o próprio corpo, mas também a sua relação de satisfação com o seu parceiro”, ressalta.
A médica argumenta também que aos poucos, o preconceito com esses procedimentos estéticos está sendo extinto e isso vai proporcionar a melhoria da qualidade de vida de muitas mulheres: “Da mesma maneira que as cirurgias de correção nos seios com prótese de silicone são muito normais nos dias atuais, então por que não seria normal e aceitável buscar mudança na região íntima? A perspectiva de benefício à autoestima é proporcional e muito justificável. Temos que deixar o preconceito de lado e buscar por mudanças positivas e saudáveis sempre que necessário ou desejável”, diz.
Queixas, procedimentos e benefícios
Sobre as principais queixas registradas em consultório, Patricia conta que além de cirurgias como redução dos lábios, a questão das queixas de flacidez e correção de cicatrizes também são muito frequentes.
“Em relação a cicatriz, os tratamentos vão depender de diversos fatores como o tempo e cor da cicatriz, presença de fibrose, alargamento de cicatriz, queloide, enfim, cada situação terá um tratamento diferenciado para sua necessidade”.
Já a flacidez, pode acontecer em dois contextos, interno e externo, e segundo a ginecologista é algo inevitável. “Neste caso, a causa é o envelhecimento, que vai ocorrer para todas nós, mulheres, enquanto estivermos vivas. E como infelizmente os problemas decorrentes da queda do colágeno no corpo são comuns, na região íntima não é diferente. Para tratar da flacidez, nós associamos tecnologias (aparelhos) com os bioestimuladores de colágeno, que podem ou não, ser acompanhados de métodos de preenchimento. Ambos são tratamentos muito semelhantes aos dermatológicos e que garantem bons resultados”.
A ginecologista explica que para escolher um plano de tratamento adequado será necessária uma avaliação prévia e minuciosa. “Os estimuladores de colágeno utilizados na região íntima são os mesmos aplicados no corpo e na face, apenas respeitamos as características da região e escolhemos produtos que melhor se adequam as necessidades individuais da perda, alinhando com as expectativas da paciente”.
Existe ainda algumas mulheres que têm flacidez interna na vagina e, nestes casos, Patricia conta que existe uma grande procura pela cirurgia de períneo, porém, alguns aspectos devem ser observados antes de decidir por este tratamento. “A questão é que a cirurgia causa uma fibrose, que com o ressecamento que naturalmente acompanha a menopausa, pode dificultar, e muito, a vida sexual, uma vez que as pacientes acabam sentindo muita dor e algumas chegam ao ponto de não conseguir manter relações e isso atrapalha, inclusive, o relacionamento com o parceiro”, explica.
Como opção de tratamento, a ginecologista indica outras possibilidades. “Posso afirmar que já há alguns anos, não opero paciente com flacidez interna, apenas utilizo tecnologias e tratamentos injetáveis, que associados ou isolados, melhoram a flacidez interna, além do “bônus” de aumentar a lubrificação”.
Cirurgias mais procuradas
A procura por cirurgias íntimas está cada vez mais comum e entre as mais procuradas. Neste universo é que se enquadram procedimentos como a plástica de correção no formato dos pequenos lábios ou labioplastia interna (conhecida como ninfoplastia) e também as plásticas de grandes lábios, demanda muito comum em pacientes que tiveram perdas significativas de peso, como aqueles que passaram por cirurgia bariátrica, por exemplo.
Segundo a ginecologista, as cirurgias de clitóris também são procuradas. Estas buscam corrigir um aumento no clitóris ou excesso de pele do “prepúcio”, que compromete a excitação clitoriana, devido à pouca ou nenhuma exposição de contato.
Benefícios além da autoestima
Como já é possível perceber, os benefícios da estética íntima feminina vão além do senso estético e promoção de autoestima, sendo que muitos procedimentos são capazes de corrigir problemas como a baixa lubrificação, redução de desconforto nas práticas do dia a dia, como usar um jeans ou roupa mais apertada, entre outros. Também podemos mencionar ganhos de saúde no tratamento de pacientes com incontinência urinária.
Patricia conta que esta é uma queixa muito comum no consultório e esta doença reduz, em muito, a qualidade de vida das pacientes, uma vez que o escape de urina demanda atenção e causa constrangimento a todas as mulheres.
“Entre as causas mais comuns de incontinência, podemos mencionar mulheres em pós-parto, o envelhecimento com perda de colágeno ou descenso genital, bem como, uma alteração de contração da musculatura da bexiga”, disse.
Se a incontinência for tratada precocemente, com a utilização das tecnologias que estimulam colágeno podemos evitar as cirurgias. “Infelizmente, casos mais graves vão necessitar de cirurgia”, alerta.
Procura crescente
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) aproximadamente 25 mil cirurgias íntimas foram realizadas no Brasil em 2022, colocando o país em primeiro lugar no mundo em quantidade de operações, mas este número tende a ser ainda maior considerando que os consultórios de médicos ginecologistas também realizam o procedimento.
“A ginecologia ainda é recente nessa área de atuação e não temos ainda estimativas oficiais das cirurgias realizadas, mas considerando que a relação médico/paciente é muito próxima em nossa especialidade, muitos pacientes se sentem a vontade para conversar e tratar de queixas estéticas íntimas com seus ginecologistas de forma mais reservada”, ressalta Patricia.
A médica complementa lembrando que ainda existe um grande desconhecimento sobre os tratamentos íntimos por parte dos pacientes, mas, aos poucos, a procura vem aumentando. “Acredito que seja uma questão de tempo para desmistificar este tipo de tratamento, afinal, nós mulheres vamos viver mais da metade da vida na menopausa e envelhecer bem é o segredo para uma vida mais saudável e feliz”, conclui.
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