Foi graças a essa onda positiva das fusões e aquisições que o fundo Advent conseguiu vender o Grupo Big (ex-Walmart) à rede francesa Carrefour. Mais recentemente, a Partners Group se desfez do hortifrúti Natural da Terra, que acabou nas mãos da Americanas. Já entre os IPOs (ofertas iniciais de ações), operações como da Oncoclínicas, da Espaço Laser e da locadora de equipamentos Armac também envolveram a venda de ações por esses fundos.
Para os próximos meses, há ainda uma lista de fundos buscando se desfazer de ativos. Entre eles, está o Perfil, que busca sair da comercializadora de energia Comerc; o Carlyle, da rede de restaurantes Madero; a Paraty Capital, da fabricante de alimentos Dori; e a Leste Capital, da rede de academias Bluefit.
Mesmo as operações que devem ocorrer lá fora se encaixam nessa onda de desinvestimentos: a CI&T, empresa de transformação digital, vai abrir capital nos EUA – nesse processo, abrirá uma porta de saída para o Advent.
“Com o mercado de capitais aquecido, os fundos de private equity conseguem avaliações de preço mais interessantes pelos seus ativos, mesmo sem vender o controle”, diz o presidente do banco Morgan Stanley no Brasil, Alessandro Zema. Segundo o executivo, dessa forma os fundos podem girar suas carteiras de maneira mais rápida – remunerando seus cotistas e enchendo o caixa para prospectar novos negócios.
Chefe da área de mercado de capitais e renda variável para a América Latina do Morgan Stanley, Eduardo Mendez diz que o ciclo de permanência de um fundo em um negócio costuma ser de cinco a dez anos. Quando a venda ocorre via IPO, é bem visto se o investidor permanece com parte das ações, mostrando que confia no ativo. A venda do restante da participação, nesses casos, costuma ser feita mais tarde, depois que a empresa continuou a apresentar bons resultados.
Fluxo positivo
Ao devolver os recursos aos cotistas do fundo após vender um negócio, a captação para novos investimentos acaba ficando mais fácil. Conforme dados da Associação Brasileira dos Fundos de Private Equity (Abvcap), a venda de ativos por fundos somou R$ 7,8 bilhões entre janeiro e março, ante R$ 2,7 bilhões no mesmo período do ano passado. Os investimentos feitos praticamente dobraram na relação anual, somando R$ 10,7 bilhões.
Dados da consultoria PwC também apontam para crescimento da participação dos fundos de private equity nas operações de fusões e aquisições. De janeiro a março, esses investidores estiveram presentes em 92 transações, 35% a mais do que o apresentado no mesmo período de 2020. Desse total, conforme o levantamento da PwC, 70% eram investidores nacionais e 30% eram estrangeiros.
Segundo o sócio da butique de serviços financeiros G5 Partners, Levindo Santos, o ciclo recente se mostrou propício para a saída de fundos por meio de abertura de capital, que antes eram uma tática considerada arriscada. “Os investimentos pelos fundos têm data e hora para acabar. Eles têm um prazo para liquidar e devolver aos investidores”, diz o especialista.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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