Guia orienta sobre primeiros socorros em engasgo infantil

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou um guia completo que orienta pais e cuidadores sobre como agir diante de episódios de engasgo em crianças, uma das principais causas de morte acidental na infância no Brasil. Segundo dados da SBP, cerca de 2 mil crianças morreram por engasgos entre 2009 e 2019 — mais da metade dessas vítimas tinha menos de 4 anos e quase 95% tinham menos de 7 anos.

O guia, divulgado pela Agência Einstein, detalha passo a passo as condutas corretas para engasgos por líquidos, sólidos e semissólidos, alerta para erros comuns que podem agravar a situação e destaca a importância de medidas de prevenção.

O documento destaca que a diferença entre obstrução parcial e total é determinante para que pais e cuidadores tomem as decisões corretas e, sobretudo, evitem agravos à saúde da criança.

Como identificar tipos de engasgo e agir rapidamente

Engasgos por líquidos, como leite, sucos ou saliva, geralmente não causam obstrução total das vias aéreas e costumam ser resolvidos espontaneamente pela tosse ou pelo vômito, não sendo recomendada a realização de manobras agressivas nesses casos.

Já os engasgos por sólidos ou semissólidos (alimentos e pequenos objetos) demandam atenção redobrada: objetos como uvas inteiras, salsichas, castanhas, pedaços grandes de carne e balas duras estão entre os maiores vilões. Balões de látex lideram como causa de morte não alimentar em menores de 6 anos.

A SBP orienta que, nos casos de obstrução completa das vias (ausência de tosse, falha na fala, respiração ruidosa, palidez ou criança levando as mãos ao pescoço), pais e cuidadores devem atuar imediatamente. Para bebês menores de 1 ano, são recomendadas cinco pancadas nas costas alternadas a cinco compressões torácicas suaves.

Para crianças maiores, a Manobra de Heimlich deve ser aplicada até o retorno da respiração. Em obstrução parcial, deve-se estimular a tosse e observar a criança de perto, evitando intervenções agressivas, e sempre buscar avaliação médica mesmo após resolução aparente do sintoma.

Erros comuns incluem realizar manobras desnecessárias em casos de engasgo por líquidos, aplicar força excessiva, retardar o chamado ao Samu (192) e varreduras cegas na boca, que podem piorar a situação.

Prevenção: estratégia fundamental contra engasgo

A prevenção é o método mais eficaz para evitar acidentes graves. Orienta-se que a introdução de sólidos ocorra após os 6 meses, em pequenas porções, supervisionando sempre a alimentação. Educar as crianças a mastigar lentamente e não falar enquanto comem é essencial, bem como manter fora do alcance itens de risco, como brinquedos pequenos, balões e moedas.

O guia ressalta ainda que todos os familiares e cuidadores devem conhecer as diferenças de engasgo e estar preparados para agir. Práticas educativas e acesso à informação podem salvar vidas, reduzindo consideravelmente o risco de complicações graves ou fatais.

Fonte: Agência Einstein