O Ibovespa, índice da Bolsa de Valores brasileira fechou em queda expressiva pelo terceiro pregão consecutivo nesta segunda-feira, 07 de abril, refletindo o crescente temor de uma recessão global em meio à escalada das tensões comerciais entre Estados Unidos e China.
O Ibovespa encerrou o dia com recuo de 1,31%, aos 125.588,09 pontos, após oscilar entre a máxima de 128.410,57 e a mínima de 123.876,24 pontos — uma amplitude de quase 5 mil pontos, evidenciando uma sessão de alta volatilidade. O giro financeiro somou R$ 30,1 bilhões. Já o Ibovespa futuro, com vencimento em abril, caiu 1,21%, aos 125.970 pontos.
Trump mantém postura agressiva e ameaça novas tarifas
A instabilidade no mercado ganhou força após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que não pretende pausar a imposição de tarifas e que pode elevar em mais 50% os tributos aplicados à China, caso o país não retire suas medidas retaliatórias anunciadas recentemente.
“Esse movimento reforçou a percepção de que o cenário permanece incerto”, comentou Alexsandro Nishimura, economista e diretor da Nomos. Segundo ele, rumores iniciais de uma possível trégua de 90 dias nas tarifas alimentaram uma breve recuperação, mas foram desmentidos pelo próprio Trump.
Ações de grandes empresas sofrem quedas expressivas
Entre as ações mais negociadas do dia, Petrobras (PETR3 e PETR4) caiu 5,56% e 3,96%, respectivamente, pressionada pela aversão ao risco e pela instabilidade no mercado de petróleo. Vale (VALE3) recuou 1,19% e Magazine Luiza (MGLU3) desabou 6,37%, refletindo a fuga de capital dos ativos cíclicos.
Segundo Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, “o grande temor do mercado é que as retaliações empurrem o mundo para um cenário recessivo. Em dias assim, cada sinal provoca uma reação exagerada”.
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em alta de 1,29%, cotado a R$ 5,9108, refletindo a busca por proteção diante do risco de uma guerra comercial prolongada.
Para Bruno Komura, analista da Potenza Capital, a animosidade entre EUA e China tem potencial para desencadear uma recessão global: “Muita gente tem recorrido ao dólar como segurança”, afirmou.
Vanei Nagem, sócio da Pronto! Invest, comentou que “o mercado amanheceu em pânico, mas se acalmou com a possibilidade de uma trégua tarifária, ao menos para países fora da China”.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em alta, refletindo o receio de que uma desaceleração nos Estados Unidos impacte também o Brasil.
- DI jan/26: 14,680% (ante 14,665%)
- DI jan/27: 14,205% (ante 14,190%)
- DI jan/28: 14,015% (ante 13,940%)
- DI jan/29: 14,115% (ante 14,030%)
Em Wall Street, os principais índices encerraram o dia de forma mista, refletindo o impasse comercial:
- Dow Jones: -0,91%, aos 37.965,60 pontos
- Nasdaq 100: +0,10%, aos 15.003,3 pontos
- S&P 500: -0,23%, aos 5.062,25 pontos
O que esperar daqui pra frente?
Para os investidores, o cenário segue incerto. Analistas recomendam cautela no curto prazo e foco em estratégias de longo prazo.
“Agora é uma janela de oportunidade para comprar commodities, especialmente petróleo”, avalia Sidney Lima. “Mas o investidor de curto prazo deve esperar sinais claros de recuperação.”
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