
Valorização das commodities, fluxo para emergentes e rotação setorial puxaram os ganhos no Ibovespa; dólar caiu e ações de tecnologia subiram nos EUA
A Bolsa de Valores brasileira fechou em alta nesta segunda-feira (14), acompanhando o alívio nos mercados globais após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar a suspensão temporária de tarifas sobre produtos eletrônicos importados. O movimento favoreceu o apetite ao risco e impulsionou ações ligadas a commodities e ao setor doméstico.
O Ibovespa subiu 1,38%, aos 129.453,91 pontos, após oscilar entre a mínima de 127.682,58 pontos e a máxima de 129.955,35 pontos. O contrato futuro do Ibovespa com vencimento em abril avançou 1,36%, para 129.620 pontos. O volume financeiro negociado somou R$ 21,4 bilhões.
Destaques da sessão
Entre as blue chips, a Vale (VALE3) avançou 1,30%, impulsionada pela valorização do minério de ferro. Já a Minerva (BEEF3) recuou, após o Goldman Sachs reduzir a recomendação de compra para neutra. O percentual exato da queda não foi informado.
A Azul (AZUL4) liderou os ganhos do dia, com alta superior a 13%, após anunciar uma oferta primária de aproximadamente 450 milhões de ações preferenciais a R$ 3,58 cada, com potencial de movimentar até R$ 4,1 bilhões, incluindo lotes adicionais.
Segundo Alexsandro Nishimura, economista e diretor da Nomos, o dia foi marcado por um sentimento de alívio global. “O Ibovespa manteve uma direção firme de alta desde a abertura, com Petrobras e Vale amparadas pela valorização das commodities no exterior, mas também contando com uma forte rotação setorial, com a busca por ativos mais descontados e sensíveis ao ciclo doméstico”, afirmou.
Fluxo estrangeiro e apetite ao risco
O recuo de Trump na imposição de tarifas foi um dos principais catalisadores do otimismo. O índice DXY (dólar americano ante uma cesta de moedas) e os yields dos Treasuries recuaram, favorecendo o fluxo de capital para mercados emergentes.
Rubens Cittadin, operador de renda variável da Manchester Investimentos, destacou que as tarifas haviam alcançado níveis tão altos que novas altas seriam pouco efetivas: “Desde sexta-feira vemos o fluxo voltando para os emergentes. Apesar da melhora, a volatilidade deve continuar, pois as questões tarifárias ainda não foram totalmente resolvidas.”
Dólar recua com alívio nas tensões comerciais
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 0,29%, cotado a R$ 5,8513, refletindo a decisão da Casa Branca de isentar setores eletrônicos das tarifas de 125% sobre produtos chineses, com efeito retroativo a 5 de abril.
“A medida inclui smartphones, computadores e semicondutores, além da tarifa global recíproca de base, de 10%”, explicou Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.
Para Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, o recuo de Trump não elimina as incertezas: “Isso só será resolvido com um acordo diplomático concreto. Até lá, o risco de reversão persiste.”
Juros futuros recuam com dólar e Treasuries
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) também recuaram, acompanhando o movimento do câmbio e das Treasuries americanas:
- DI jan/26: 14,695% (de 14,725%)
- DI jan/27: 14,170% (de 14,310%)
- DI jan/28: 13,965% (de 14,145%)
- DI jan/29: 14,035% (de 14,225%)
Bolsas de Nova York fecham em alta
Nos Estados Unidos, os principais índices acionários encerraram o dia no terreno positivo, com destaque para empresas de tecnologia, também beneficiadas pela isenção de tarifas:
- Dow Jones: +0,78%, aos 40.524,79 pontos
- Nasdaq 100: +0,64%, aos 16.831,48 pontos
- S&P 500: +0,79%, aos 5.405,97 pontos
Segundo um gestor de renda variável ouvido pela reportagem, a medida de Trump trouxe alívio momentâneo, mas o mercado ainda segue cauteloso quanto aos próximos passos da política comercial dos EUA.
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