Projeto pioneiro de inventário florestal promete maior precisão, economia e sustentabilidade na gestão ambiental da faixa de proteção do reservatório de Itaipu
A Itaipu Binacional, em parceria com a Embrapa, está implementando um projeto inovador de inventário florestal utilizando drones e sensores LiDAR (Light Detection and Ranging) para monitorar e mapear a vegetação da faixa de proteção do reservatório, entre Foz do Iguaçu e Guaíra, no Oeste do Paraná. A iniciativa, que cobre mais de 24 mil hectares ao longo de 1.400 quilômetros, busca otimizar a gestão ambiental com métodos mais precisos, sustentáveis e econômicos.
Nos dias 7 e 8 de maio, equipes técnicas da Itaipu, Embrapa, Itaipu Parquetec e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) participaram de um treinamento prático no Refúgio Biológico Bela Vista, em Foz do Iguaçu. A capacitação abordou desde a coleta de dados com drones até a manipulação e modelagem de informações florestais em 3D.
De acordo com Luís César Rodrigues da Silva, engenheiro florestal da Divisão das Áreas Protegidas da Itaipu, o uso de tecnologias de sensoriamento remoto representa um avanço significativo no monitoramento ambiental. “A tecnologia permite extrair informações detalhadas da vegetação sem a necessidade de medições presenciais, o que torna o processo mais ágil e menos oneroso”, destaca.
O projeto, iniciado em 2021, está previsto para ser concluído em 2027, mas já começa a gerar resultados práticos. “Conforme as metodologias forem sendo validadas em campo, já poderão ser aplicadas antes mesmo da conclusão do inventário”, explica Silva.
Para Hericles Barbosa Lopes, engenheiro florestal da equipe de topografia da Itaipu, a nova abordagem reduz o custo operacional e o tempo de execução. “Ainda há necessidade de amostragem em campo, mas a frequência dessas visitas é menor, o que gera economia e eficiência”, afirma.
O treinamento técnico foi ministrado em parceria com a empresa Bioflore, com a participação do pesquisador Mateus Pinheiro Ferreira, também ligado à Embrapa e à Esalq/USP. “Nosso objetivo é utilizar sensores LiDAR para quantificar com precisão a altura das árvores e estimar o volume de biomassa e carbono estocado”, explica Ferreira.
O curso foi dividido em três módulos: coleta de dados ALS (Airborne Laser Scanning) com foco em biomassa e carbono, coleta de dados TLS (Terrestrial Laser Scanning) em parcelas permanentes de inventário florestal, e visualização/manipulação dos dados obtidos. Os participantes acompanharam demonstrações práticas, incluindo voo de drone e análise imediata dos dados.
A colaboração entre Itaipu e Embrapa envolve quatro frentes: inventário florestal, análise de paisagem, planejamento de gestão e sensoriamento remoto. Segundo a pesquisadora da Embrapa, Maria Augusta Doetzer Rosot, o objetivo é estimar o carbono estocado na vegetação e planejar a gestão da faixa de proteção, potencializando os serviços ecossistêmicos da região. “As tecnologias desenvolvidas poderão ser replicadas futuramente por outras organizações”, afirma.
Tecnologia LiDAR
Os sensores LiDAR funcionam emitindo pulsos de laser que, ao refletirem na vegetação e no solo, retornam ao sensor, permitindo a criação de mapas tridimensionais altamente detalhados. A técnica oferece ganhos significativos em precisão na medição da altura das árvores, relevo do terreno e densidade da vegetação — dados fundamentais para o planejamento ambiental e a mensuração de estoques de carbono.
O relatório preliminar sobre o mapeamento de carbono deverá ser divulgado ainda em 2025. A conclusão do inventário florestal está prevista para 2027.
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