O mercado financeiro brasileiro teve uma sexta-feira (14) de otimismo, impulsionado pela divulgação da pesquisa Datafolha, que revelou uma forte queda na aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O índice de aprovação caiu para 24%, o menor já registrado pelo instituto para o petista em todos os seus mandatos, enquanto a reprovação alcançou 41%. Outros 32% consideram o governo regular.
Na pesquisa anterior, realizada em dezembro, os números eram mais equilibrados: 35% aprovavam o governo, 34% reprovavam e 29% o avaliavam como regular. A queda significativa gerou reações imediatas no mercado financeiro.
Bolsa de Valores e Câmbio Reagem
O índice Ibovespa encerrou o dia com alta de 2,69%, atingindo 128.218,59 pontos, enquanto o Ibovespa futuro, com vencimento em abril, subiu 2,61%, para 130.475 pontos. O giro financeiro totalizou R$ 20,7 bilhões. Na semana, o índice acumulou valorização de 2,89%.
No mercado de câmbio, o dólar comercial recuou 1,21%, sendo cotado a R$ 5,6967. A desvalorização da moeda norte-americana foi impulsionada pelo intenso fluxo estrangeiro e pelo impacto da pesquisa Datafolha.
Para Marcos Moreira, sócio da WMS Capital, a queda na aprovação de Lula reflete a insatisfação com a condução da política fiscal e pode indicar uma maior probabilidade de mudança de governo nas eleições de 2026. “Desde dezembro, o mercado aguarda medidas de contenção de gastos mais eficazes. No entanto, o presidente Lula tem adotado uma postura contrária ao ajuste fiscal, o que gera incertezas”, afirma Moreira.
Já Marcelo Bolzan, sócio da The Hill Capital, destaca que a pesquisa trouxe um “otimismo inesperado” ao mercado. “A bolsa estava subindo cerca de 1,80% ao longo do dia, mas disparou para 2,70% após a divulgação da pesquisa. Os juros futuros também recuaram, reforçando a onda de confiança”, observa.
Efeitos no Mercado de Juros e Expectativa para 2025
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) também fecharam em queda. O DI para janeiro de 2026 caiu para 14,780% (ante 14,835% no ajuste anterior), o DI para janeiro de 2027 recuou para 14,765% (de 14,930%) e o DI para janeiro de 2029 foi para 14,500% (de 14,800%).
De acordo com Jason Vieira, economista-chefe da Lev Asset, a desvalorização do dólar e a queda dos juros indicam que o mercado está precificando um ajuste fiscal mais sólido para 2025. “A grande preocupação agora é sobre medidas como a isenção do imposto de renda para rendimentos de até R$ 5 mil e o consignado privado, pois podem aquecer excessivamente a economia e dificultar o controle da inflação”, alerta Vieira.
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Contexto Internacional e Impactos no Brasil
Nos Estados Unidos, os índices de ações fecharam de forma mista. O Dow Jones recuou 0,37%, para 44.546,08 pontos; o Nasdaq 100 subiu 0,41%, atingindo 20.026,8 pontos; e o S&P 500 manteve estabilidade em 6.114,63 pontos. Na semana, os desempenhos foram positivos: Dow Jones (+0,55%), Nasdaq 100 (+2,58%) e S&P 500 (+1,47%).
A divulgação de dados do varejo nos EUA, abaixo do esperado, reforçou a expectativa de que o Federal Reserve (Fed) possa reduzir a pressão sobre os juros. Esse fator contribuiu para a valorização de moedas emergentes, incluindo o real.
Perspectivas para os Investidores
Para os investidores, o momento exige cautela e diversificação. Bolzan recomenda uma estratégia de proteção cambial. “O cenário ainda é de oscilação. Apesar do otimismo momentâneo, a indefinição sobre a condução fiscal do governo e os possíveis impactos na inflação mantêm o risco elevado. Investidores devem considerar dolarizar parte do patrimônio”, conclui.
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