Ex-central da seleção brasileira de vôlei, André Heller destaca que esporte deve ser usado como ferramenta de educação

André Heller ex-central da seleção brasileira de vôlei esteve em Pato Branco na quinta-feira (26), para conhecer a estrutura da Viasoft, uma vez que na edição deste ano, ele foi um dos palestrantes do Viasoft Connect. Ele também interagiu, na quadra do Colégio Integral, com crianças e adolescentes que praticam voleibol. Quando concedeu entrevista exclusiva ao Diário do Sudoeste.

Integrante de um dos ciclos da seleção reconhecido como dos mais vitoriosos, André tem em seu currículo duas finais olímpicas, — o ouro em Atenas (2004), e prata em Pequim (2008). Ainda soma dois ouros da Copa do Mundo de (2003 e 2007); ouro no Campeonato Mundial em 2006; ouro em 2005 e prata em 2001, da Copa dos Campeões. Ainda ouro no Pan do Rio (2007); bronze em Santo Domingo (2003) e prata em Winnipeg (1999). E outras tatas conquistas, como 6 ligas mundiais.

Fora das quadras desde 2014, quando se aposentou do esporte de rendimento, André atualmente é empresário e realiza palestras, onde busca passar seu aprendizado do esporte e equipe para o cotidiano.

Como uma espécie de mantra, o ex-central destaca que “o esporte precisa estar presenta na rotina das famílias, é uma plataforma de educação, de interagir, de construir relações, conexões. No esporte aprendemos a seguir regras, respeitar adversários, a construir resultados e lidar com derrotas.”

Aos 46 anos, André acredita que “o esporte precisa ser usado como ferramenta poderosa de educação. Resultado, performance, medalha olímpica, fica a cargo dos profissionais. O esporte no nosso país, tem que ser visto, como um agente de transformação cultural, como agente de desenvolvimento integral do ser humano, sejam eles, crianças, adolescentes, ou adultos.”

Diário do Sudoeste: Como você define sua atuação na seleção brasileira?

André Heller: Os resultados falam por si, mas é importante dizer, que os resultados que eu tive a possibilidade de obter, eu só consegui, porque eu trabalhava com uma equipe muito qualificada, mas essa qualidade foi construída durante o dia, durante a semana nos treinamentos. (…) Foi na Seleção Brasileira que eu entendi que acreditando e construindo eu poderia chegar aonde eu nem se quer imaginava.

E isso fica uma mensagem para os jovens, precisamos acreditar, mas acreditar, por se tratar de um verbo, precisa de ação, não basta só um sentimento.

Se a gente acredita, precisa colocar em ação e nesse sentido, minha passagem pela seleção brasileira foi muito bacana, muito positiva e um belo aprendizado na minha vida.

Como foi deixar a seleção jovem, uma vez que o esporte de alto rendimento acaba por apresentar uma aposentadoria precoce. Isso (em 2014) lhe proporcionou um novo reaprender sobre o André?

O esporte também me ensinou isso, que eu deveria me capacitar sempre, em todos os momentos, e, em outras áreas do conhecimento também. Porque eu sabia que tendo conhecimento em outras áreas, eu agregaria valores para a minha performance esportiva.

Quando eu me aposentei da prática esportiva, através da capacitação, ao longo da trajetória, eu descobri que tinha um mundo de possibilidades na minha frente, porque eu construí essas possibilidades. (…) Mas, somente a educação que me possibilitou isso, transferir conhecimento do esporte para outras áreas.

O ambiente educacional é importante para inserir a modalidade esportiva, e o vôlei não é uma modalidade principal em muitas instituições. Como você observa isso e até mesmo dar o devido valor ao vôlei?

O esporte, não só o vôlei, o esporte precisa ser entendido no nosso país como uma plataforma de desenvolvimento. O esporte complementa todas as outras disciplinas e matérias.

O jovem e a criança que pratica esportes realmente em uma escola, e chega suado em uma sala de aula, não vai estar mais cansado para aprender os outros conteúdos. Ele vai estar mais preparado para aprender os outros conteúdos.

O esporte é isso, ele não cansa, ele desenvolve. E esse processo de desenvolvimento, também contribui para que as crianças e jovens também continuem adquirindo outros saberes.

A maioria, não vai se tornar atleta de alta performance, mas as lições inerentes ao processo de aprendizagem do esporte, essas sim, serão perenes ao longo de toda a vida dessa criança, desse jovem, que depois vai se tornar um adulto com esse repertório que o esporte tem poder de proporcionar.

A seleção está vivendo um novo momento de ciclo olímpico, para Paris 2024. Para o Mundial teve que fazer alguns ajustes de convocação. Mas, como você observa hoje a seleção brasileira masculina de vôlei?

A seleção está muito bem, como sempre tem esse histórico. Carrega um peso muito pesado, sendo redundante, porque todo mundo espera o primeiro lugar, e não é bem assim.

O ambiente do voleibol mundial, ele é muito competitivo, muito equilibrado. Há uma alternância do poder, muito grande. A Seleção está se encontrando, se reconstruindo. São jovens garotos que chegaram agora e não podemos simplesmente esperar que estes jovens que estão chegando agora, se desempenhem como se fosse um passe de mágica.

É uma construção como sempre. [Precisa] Paciência de todos, e sobretudo, compreensão de todos que é uma construção.

Assim como todos nós, em todas as profissões construímos, e isso demanda tempo, na Seleção Brasileira de vôlei também é assim. Eles estão construindo uma história, a partir desta sexta-feira (26). É um novo construir, de uma nova história, agora no Campeonato Mundial.

Uma seleção com muito potencial.

Muito potencial, agora não tem que ser só potencial. Eles com certeza estão trabalhando para nutrir esse potencial, para sim, usar esse potencial e desenvolver todo o repertório, toda a gama de habilidades e qualificações que essa seleção tem.

É uma geração incrível, porém, precisa construir como todas as outras, juntos.

Até então eram incríveis nos seus clubes individualmente. Ser incríveis juntos, demanda um outro esforço, uma outra mentalidade, e isso eles estão construindo.

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