Queda do plantio de milho safrinha eleva expectativas com a colheita da soja

Uma alternativa aos produtores é o plantio do feijão, que possuí zoneamento agrícola até o fim de fevereiro. Quem ainda não colheu a soja, espera recuperar perdas da última safra

Na microrregião de Pato Branco, das lavouras plantadas entre soja e milho, 93% são de soja e os outros 7% restante são de milho. Mesmo assim, a última safrinha do milho foi positiva, o que leva muitos agricultores a pensar sobre a possibilidade do milho para safrinha de 2023. Porém o seu plantio nesse ano, possuí todas as características para não ser tão grande quanto no último período. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), ligado a Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab) em 2022, foram plantados 89,2 mil hectares nos quinze municípios que pertencem à microrregião de Pato Branco. A expectativa, segundo o técnico do Deral, Ivano Luiz Carniel, é que haja uma diminuição desse número em até 50% com relação ao ano passado.

Para ele, vários fatores indicam essa queda. O excesso de chuva no mês de outubro, ocasionou baixa luminosidade e períodos de frio, o que faz com que a colheita seja atrasada da primeira safra. Outra característica de risco ao plantio da safrinha de milho, é a colheita da soja que ocorre, de certa forma atrasada, porém em boa qualidade. “O mês de janeiro acumula até hoje aqui na região, um volume médio em torno de 170 mm de chuvas. Essas chuvas ocorreram com maior frequência, foram de boa distribuição e elas têm abrangido toda a região, ao contrário por exemplo, do que aconteceu no mês de dezembro. Isso então reconfigura o aspecto que se tinha em relação às lavouras de soja na região, onde a falta de chuvas já trazia perda no desenvolvimento das lavouras e levava a crer na diminuição da produtividade. Porém a chuva de janeiro possibilitou uma uniformidade ao aspecto foliar e melhorou a carga de grãos na vagem”, explica Ivano.

As condições não estão favoráveis ao milho, mas existem alternativas. Atualmente os produtores estão escolhendo plantar o feijão. O período do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) do milho termina no dia 31 de janeiro. A colheita da soja, como visto acima, teoricamente está atrasada, onde muitos ainda não realizaram, e não haverá tempo suficiente, segundo Ivano, para o plantio do milho. O zoneamento do feijão, por sua vez, vai até o fim de fevereiro, coincidindo com o período da colheita da soja, o que permite então os produtores rurais realizarem a troca. Mesmo assim permanecem dúvidas sobre a quantidade de cultivares para o plantio, segundo o técnico do Deral. “Os produtores ainda vivem uma incógnita. Tem muitos produtores já nas cooperativas e nas revendas, fazendo a desistência da reserva de semente de milho. Em relação ao feijão, o problema é que ele está com uma oferta de semente limitada. Temos muitos produtores que não encontram sementes, que fizeram reservas de semente de feijão, porém a oferta é pequena. Esse feijão que tinha agora na primeira safra ele basicamente é destinado a semente, e praticamente quase toda essa semente de feijão – que é a produção da primeira safra – não deve cobrir o que o produtor pensa em plantar com feijão de segunda safra”, alerta.

Existem produtores, segundo o técnico, que até podem tentar a safrinha do milho fora do período estipulado pelo Zoneamento Agrícola, porém não poderão financiar e nem conseguirão o seguro para suas lavouras. Hoje o custo de plantio para um alqueire de milho, pode passar dos 16 mil reais.

Soja

Já para a soja, a história é diferente. Se na última safra houve dificuldades, agora o jogou virou. De acordo com o técnico do Deral, a colheita da soja que ainda está timina, mas que deve se acentuar nas próximas, não deve atingir seu potencial máximo, mas terá capacidade de recuperar o volume de 35% do grão perdido com relação à última temporada de estiagem. “Nós esperamos que a região produza, em nosso potencial, que é em torno de 1,2 até 1,3 milhões de toneladas de soja. Isso representa em torno de 6% de toda a produção de soja do Paraná”. A esperança agora, é a sustentação das condições climáticas, para que haja um positivo vigor na produção de soja da microrregião de Pato Branco.

No campo, os pouco agricultores que já colheram as primeiras lavouras preferem não falar em rendimento de área, ao mesmo tempo em que não escondem a expectativa com os talhões que começam a amarelar, uma vez que estas áreas estão em melhores condições das que estão prontas para serem entregues aos armazéns.

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