Primavera aumenta casos de alergia ao pólen

A chegada da primavera, marcada pelo florescimento das plantas, também traz um aumento nos casos de alergia ao pólen no Brasil. Estudos mostram que a condição está crescendo já na infância: 22% das crianças do Sul apresentam sensibilização ao pólen de gramíneas, segundo pesquisa de anticorpos IgE, e 25% dos adultos da região têm alergia clínica ao pólen.

O que causa a alergia ao pólen

O pólen, gameta masculino produzido pelas flores para reprodução das plantas, quando pequeno e leve, é facilmente transportado pelo vento. Nem todos os tipos são alergênicos, mas as gramíneas são as principais causadoras no país.

De acordo com o Dr. Nelson Rosário, da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), o contato com as mucosas desencadeia uma reação inflamatória, com sintomas de rinite, conjuntivite e, em alguns casos, asma. São comuns espirros em sequência, coceira no nariz, olhos e garganta, congestão nasal, olhos vermelhos e lacrimejantes, além de tosse e dificuldade respiratória.

Onde há mais casos e por quê

A alergia ao pólen foi inicialmente descrita em Curitiba e hoje é registrada em várias localidades do Sul do Brasil. As mudanças climáticas têm ampliado sua incidência, já que o aquecimento global antecipa e prolonga a estação polínica, aumentando a carga de pólen no ar. Além disso, plantas expostas a poluentes em áreas urbanas produzem grãos mais alergênicos do que aquelas em zonas rurais.

Situação no Paraná

Segundo dados do Sisab/Ministério da Saúde, entre janeiro e agosto deste ano foram registrados 56.065 atendimentos para alergias no Paraná, 6.045 a mais que no mesmo período de 2023, que somou 50.020 ocorrências. Em todo o ano passado foram 78.142 atendimentos. Crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas como rinite, sinusite e asma são os mais afetados.

O atendimento no SUS começa na Atenção Primária, com possibilidade de encaminhamento a especialistas, como alergologistas e pneumologistas, em casos mais graves.

Prevenção e tratamento

Não existe forma de prevenir totalmente a alergia ao pólen, mas é possível reduzir os sintomas e crises. Além de antialérgicos e vacinas com extratos específicos (subcutâneas ou sublinguais, sempre sob prescrição médica), medidas simples ajudam a melhorar a qualidade de vida:

  • manter a casa limpa, ventilada e livre de poeira e ácaros;
  • usar sabão neutro para lavar roupas e lençóis;
  • deixar o sol entrar nos ambientes;
  • garantir hidratação adequada, dando preferência à água.

A coordenadora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual da Saúde do Paraná (Sesa), Acácia Nasr, reforça a importância de considerar a história clínica do paciente para diagnóstico. “A reação ocorre quando há contato com o agente alérgeno. Alguns cuidados básicos trazem mais conforto às pessoas que sofrem mais com alergias nesta época”, destacou.