Dia do Índio: data para relembrar a importância da valorização da cultura indígena

O dia foi marcado por reivindicações nas terras indígenas de Mangueirinha

Júlia Heimerdinger

Nesta segunda-feira (19) é celebrado em todo o território nacional o Dia do Índio e a data tem como principal objetivo relembrar a importância da valorização da cultura indígena.

No Sudoeste do Estado, residem aproximadamente 4.800 indígenas, que estão distribuídos nas terras indígenas de Palmas, Clevelândia e Mangueirinha e um acampamento indígena em Vitorino com cerca de 40 pessoas.

A data foi marcada por reivindicações na aldeia indígena de Mangueirinha, que contempla os municípios de Mangueirinha, Coronel Vivida e Chopinzinho.

Na manhã desta segunda-feira (19) cerca de 60 pessoas participaram do ato, de acordo com João Santos Luiz, cacique da terra indígena de Mangueirinha, a intenção do protesto foi em razão de terras tomadas da aldeia. “Nós fizemos um protesto dentro da área que o agricultor tomou de nós, fizemos apresentação de dança indígena, tudo lá, sobre o nosso protesto estamos aguardando, que hoje a gente trabalha mais com a Justiça” informa Santos.

Na aldeia de Mangueirinha vivem em torno de 780 famílias, entre Guarani, Guarani Mbya e Kaingang.

O cacique acredita que ainda há muito o que mudar em relação ao respeito dos povos indígenas. “Eu avalio que os governos estão tirando todos os direitos dos índios. Acho que deveria entrar uma política que lute pelos direitos, porque os indígenas hoje ainda estão sendo descriminados”, avalia Santos.

Clevelândia

Atualmente vivem 42 famílias na aldeia de Clevelândia, sendo Guarani e Kaingang, o cacique Miguel Alves avalia o dia como qualquer outro e o que realmente importa para ele é a valorização da cultura indígena. “A desvalorização ela tem sido muito frequente, um desrespeito com a liberdade, com a realidade dos povos indígenas em todo o país”, informa Alves.

Ele acredita que a mudança está nas políticas públicas voltadas para o povo indígena. “Uma política diferenciada em relação aos povos tradicionais, indígena e outros, porque o governo não valoriza muito, as políticas públicas não valorizam a cultura, até mesmo as crenças”.

Alves acrescenta que a aldeia de Clevelândia está fazendo um trabalho diferenciado a fim de mudar essa realidade. “Um trabalho de conhecimento dos povos, de conscientização, de como veem as terras indígenas, como é importante você ter uma cultura diferenciada dentro do Brasil. A gente tem visto que o governo de um modo geral tem violado muito o direito dos povos indígenas, e isso está machucando muito e os povos indígenas estão deixando de acreditar em política”, reflete o cacique.

Uma das grandes problemáticas é o esquecimento das aldeias indígenas e sua significância na sociedade. “Lembram no dia 19 de abril, antes disso os povos indígenas não são lembrados, é uma situação bem complicada, eu comemoro o dia dos índios todos os dias, porque nós somos os povos que vivem no Brasil”, finaliza Alves.

Semana Cultural Online

Nesta quinta-feira (22) começa a tradicional Semana Cultural da Terra Indígena de Mangueirinha, e segue até sexta-feira (23). O evento acontece todos os anos, em alusão ao Dia do Índio.

Por conta da pandemia será totalmente online, seguindo todos os protocolos de segurança contra covid-19. Serão debatidos vários temas, como: história da Terra Indígena Mangueirinha; comidas típicas; lendas; pinturas marcas; armadilhas; brinquedos e brincadeiras; ervas medicinais; músicas, dança e artesanato.

A programação estará disponível na página “Semana Cultural Indígena TI Mangueirinha PR”, no Facebook, e no canal “TV Indígena Mangueirinha”, no Youtube. Após o encerramento da Semana Cultural, os canais permanecerão disponíveis como maneira de informar a população sobre o que acontece na terra indígena.

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