Pesquisador descobre novas espécies de Esperança em Renascença

A Anaulacomera angelinae, uma das espécies descobertas em Renascença

O biólogo Marcos Fianco, doutorando em entomologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), descreveu duas novas espécies de Esperança na área rural de Renascença. A descoberta foi publicada em novembro na revista Zootaxa, da Nova Zelândia, uma das publicações mais relevantes da taxonomia, a área dedicada a organização e classificação dos seres vivos.

Fianco observou e coletou exemplares das novas espécies no início de 2020, na propriedade de sua família, na comunidade do Canela. O pesquisador batizou as espécies como Anaulacomera (Anallomes) arlindoi e Anaulacomera angelinae, em homenagem aos avós já falecidos, Arlindo e Angelina Fianco, antigos proprietários do local onde as espécies foram observadas.

“Foram eles que cuidaram do sítio, o meu avô sempre falava que a gente devia preservar a mata ciliar. E minha avó era professora, e dizia que o conhecimento era a única coisa que nós nunca perdíamos”, disse o biólogo.

Esta é a terceira descoberta feita pelo pesquisador em Renascença. Por volta de 2017, Fianco descreveu a espécie de gafanhoto Poecilocloeus renascencis, batizada em homenagem ao município de Renascença.

Com as duas novas descrições, ele chegou ao número de 19 novas espécies descobertas, sendo 15 de Esperança, duas de Gafanhoto e duas de Grilo, a maioria no Parque Nacional do Iguaçu, na região oeste do Paraná, onde ele realizou sua pesquisa de mestrado.

“Na região sudoeste a gente não teve basicamente nenhuma coleta. Então é um local muito propício para a descrição de novas espécies. Algumas espécies que eu descrevi eu coletei também no Parque Nacional do Iguaçu, só que tem mais indivíduos em Renascença do que no próprio parque. Então isso é um indício de que a mata que temos no sudoeste comporta um número muito interessante de espécies”, comenta Fianco.

Anaulacomera (Anallomes) arlindoi. Espécimes foram identificadas na comunidade do Canela

Trabalho

Segundo Fianco, o trabalho de identificação começa em campo. À noite, os insetos são atraídos com o auxílio de uma lâmpada e coletados. “Algumas delas foram atraídas até pela luz de dentro de casa”, conta.

Os espécimes coletados passam por várias análises como a morfológica, que em linhas gerais analisa as características físicas do animal. “Características da asa, estrutura das pernas, da terminália, que é a parte final do abdome dos machos, do ovipositor, que é por onde a fêmea vai colocar o ovo, então são todas essas características morfológicas que nos ajudam a identificar e ver que é mesmo uma espécie nova”, detalha.

A partir disso é produzido um artigo científico, revisado por outros especialistas, para validar se corresponde de fato a uma nova espécie. Com a publicação do estudo, a descoberta é validada.

O pesquisador conta que as esperanças são a base da cadeia alimentar de várias espécies de répteis, de pequenos mamíferos, como os morcegos e macacos.

Fianco conta que deve seguir trabalhando na pesquisa de esperanças, analisando regiões como a Serra do Mar e o Parque Nacional do Iguaçu, onde ele e um grupo de pesquisadores realizaram uma expedição nesta semana.

Poecilocloeus renascencis, nova espécie de gafanhoto descoberta em Renascença, por volta de 2017
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