Dirceu Antonio Ruaro
Prezados amigos, no nosso texto da semana passada, conversamos sobre a questão da censura ou, para alguns, invasão da privacidade na vida dos filhos.
Pois bem, como considerei que é dever dos pais vigiar e acompanhar tudo o que os filhos menores fazem, descartei a possibilidade de ser isso considerado, no âmbito familiar, como invasão de privacidade.
A partir de hoje quero iniciar uma série de conversas sobre relacionamentos. Relacionamentos considerados, aqui, como a forma de convivência entre pares. Em especial dos pares que formam uma família.
A partir dessa ideia, preciso, antes de tudo, deixar claro que não vou considerar família apenas a mera composição de pai, mãe, filhos. Evidentemente que a configuração familiar sanguínea ainda é a maior forma de estabelecer essa instituição milenar chamada “família”.
Na configuração familiar, seja ela como for, existe, de certa forma uma relação parental entre o casal e os filhos.
Nessa primeira conversa quero destacar o relacionamento entre o casal que é a “cabeça” da família. Veja, amigo leitor, sem distinção alguma, estou considerando como casal os dois elementos que, sob si, formam o que denominamos de “família”.
Entendemos, como pressuposto, que qualquer casal, tem sua intimidade e algumas regras básicas de convivência, negociadas ou subentendidas entre ambos, que darão o “Norte” nas ações do casal na sua convivência.
É evidente que os casais devem negociar, antes mesmo de estabelecer a sua convivência diária e pensar em ter prole, algumas questões, pois, seja como for o casal, haverá diferenças substanciais entre o “antes” e o “depois” de assumir um relacionamento estabelecendo, uma família.
Por isso, penso ser de extrema importância que alguns combinados sejam estabelecidos, como por exemplo: cada um ser responsável pelas suas atitudes. Ou seja, cada um deve assumir a responsabilidade por seu próprio estado de espírito. O estado de espírito de cada um, influencia, e muito, no relacionamento interpessoal do casal. É claro que, a maneira de como pensar sobre as coisas é tarefa e direito individual, porém ninguém casa para ter a seu lado uma pessoa sempre triste ou sempre exageradamente alegre. Não, as pessoas têm altos e baixos no seu estado de espírito. Porém, é importante que cada um que forma o casal dê-se a conhecer para que o outro saiba como pode e deve agir em diferentes situações.
Essa, talvez, seja uma das questões mais importantes, saber compreender e aceitar o estado de espírito um do outro, pois a convivência exigirá isso, e mais, isso será importante na criação dos filhos do casal.
Outra questão importante para um casal, é lembrar que a atitude de cada um afeta as ações próprias e as do casal. Ou seja, as ações de cada um ensejam sempre reações de um e de outro.
Por isso é preciso estar atento, as atitudes pessoais demonstram o que a pessoa sente. A pessoa negativa apresenta comportamentos negativos, atitudes negativas, derrotistas e pessimistas. Como conviver com uma pessoa que tem essas características, é uma questão fundamental no relacionamento pois as atitudes e ações de um afetam o outro.
Muitos casais se formam a partir do pouco conhecimento de um sobre o outro e, é inevitável, que a certa altura surja o tradicional “você não era assim”.
As pessoas são o que são, e é difícil mudar o que o outro é na sua essência. É lógico que a convivência, o diálogo, pode interferir no pensamento, nas ideias e atitudes do outro, mas é preciso ter consciência de que é muito difícil “mudar o outro”.
Por isso, é bom ter ciência da importância das palavras, das atitudes, das ações e da manifestação de pensamentos sobre todo e qualquer assunto e, cada um deve ter a consciência que vai “modificar” de alguma forma o seu “cônjuge”, para melhor ou para pior.
Cada um dos entes do casal, deve saber controlar suas emoções, pois é muito comum que, especialmente as emoções negativas, controlem comportamentos. Por isso, se você permitir que suas emoções negativas controlem seu comportamento, você se sentirá ainda mais negativo. Mas se você optar por realizar ações positivas, apesar de suas emoções negativas, suas atitudes provavelmente mudarão e podem influenciar positivamente seu parceiro. Você pode aprender a reconhecer suas emoções negativas, mas não as seguir. Você não deve negar que se sente desapontado, frustrado, zangado, magoado, apático ou amargo, mas pode se recusar a deixar que essas emoções controlem suas ações. Isso é fundamental para um bom relacionamento a dois.
Essa “invisibilidade” das coisas convive diariamente com os casais, por isso, a grande saída é o sentimento principal, o amor, que deve ter sido o início de tudo.
Para um casal que se une para formar uma família o amor deve ser a arma mais poderosa do relacionamento. Amor que vai além da emoção, do encontro, do relacionamento sexual. Amor que vê no outro, ou na outra, a parceria indispensável para a vida.
Construir pilares de relacionamento sólidos, baseados na confiança, no respeito mútuo, na alegria, no otimismo, na esperança de um mundo melhor, podem contribuir muito para que a cada casal “descubra” as “invisibilidades” de cada um e contribua para uma caminhada mais suave, na alegria e na tristeza que a vida trouxer, pense nisso enquanto lhe desejo boa semana.
Doutor em Educação pela Unicamp, Psicopedagogo Clínico-Institucional e Pró-Reitor Acadêmico Unimater
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