Doenças do quadril estão entre as que mais causam perda da qualidade de vida e podem ser solucionadas por especialistas

Aline Vezoli*

O quadril é uma das articulações mais importantes do nosso corpo. Formado pelo fêmur (osso da coxa) e o acetábulo (uma parte do osso da bacia), além de outras estruturas, como músculos, cartilagem, ligamentos, e nervos, é considerada uma das principais articulações de carga do corpo humano.

Essa complexa articulação permite atividades básicas do dia-a-dia, como sentar, vestir suas roupas, subir escadas, correr, agachar, cruzar as pernas, entre muitos outros movimentos. Por isso, o bom funcionamento do quadril é de extrema importância para a qualidade de vida.

Quando apresenta algum desconforto, o problema deve ser investigado por um médico ortopedista especializado, que realiza o diagnóstico correto e define o tratamento adequado para cada situação junto ao paciente, com objetivos de melhorar a função, tratar a dor e proporcionar o retorno para as atividades de forma saudável.

Problemas

Conforme Dr Ricardo Skroch, médico ortopedista especialista em cirurgias do quadril, o mais novo integrante do Instituto Mussi, em Pato Branco, existem inúmeros problemas que podem acometer o quadril, como a síndrome do impacto fêmoro-acetabular, displasia do quadril (malformação congênita), tendinites, entre outros, muitos dos quais só puderam ser estudados com advento da ressonância magnética.

Contudo, a artrose (desgaste da cartilagem) é a doença apontada pelo médico como o problema com o maior número de pacientes. Essa doença causa dor e enrijecimento dos movimentos articulares, dificultando a colocação de sapatos, a higiene dos pés ou mesmo cortar as unhas.

Ricardo afirma que não se pode esquecer do fator genético. “É comum vermos pessoas de 80 anos que não apresentam artrose nos quadris, enquanto outras manifestam o problema já aos 40 anos ou antes. Podemos afirmar que a genética é um fator determinante, que se soma ao esforço mecânico e aos hábitos de vida do indivíduo, como atividades que geram excesso de carga ao quadril e na bacia, aumentando o risco”.

Outro problema muito comum a na região é a tendinite glútea, uma inflamação dos principais tendões e músculos que garantem o equilíbrio da bacia para caminhar. Esses tendões, quando inflamados, causam dor e dificuldade para se locomover. A doença acomete 8 vezes mais as mulheres do que os homens.

Jovens também podem sofrer com dores no quadril

Nos pacientes mais jovens, além das doenças congênitas ou da infância, Ricardo aponta que o problema predominante são os traumas repetitivos causados pelo impacto, algo que pode ocorrer em qualquer idade. Também há casos mais raros de artrose em pessoas jovens causados por outras doenças sistêmicas. “Acompanhamos alguns pacientes com artrose desde aos 14-15 anos, inclusive um caso recente de uma adolescente que precisou fazer a prótese de quadril aos 17. Nesse caso, o desgaste foi causado por uma doença na infância”. Hoje isso é possível devido à alta qualidade dos novos materiais.

O cuidado com o quadril deve começar cedo

O médico fala que devemos evitar impacto nas articulações, orientando o modo correto de fazer atividade física. Também, procurar ajuda o quanto antes, logo que se perceba que está com algum sintoma diferente: “Aquela dor ou incômodo, latejante ou ‘enjoada’, que não melhora com as medidas caseiras, é um sinal de que é preciso ser examinado por um profissional e realizar os exames necessários para saber o que está acontecendo”.

Essa prevenção evita o agravamento das lesões. “Quando uma pessoa sofre de impacto do quadril, quanto mais cedo tratarmos, melhor é o prognóstico, melhoramos a dor e prevenimos problemas no futuro como a artrose precoce”.

Dr. Ricardo comenta, ainda, que cerca de 15% da população pode apresentar alterações compatíveis com impacto do quadril.

Necessidade de cirurgia

Quando o tratamento com medicamentos, aplicações ou fisioterapia não é suficiente para resolver o problema do paciente, uma intervenção cirúrgica pode ser necessária para fornecer melhora da qualidade de vida. Ricardo é responsável por diversas delas, como tratamento de fraturas, impacto, próteses, entre outras, sendo que várias podem ser realizadas por vídeo.

Artroscopia (Videocirurgia)

A artroscopia é uma forma de adentrar a articulação do quadril através de câmeras de alta resolução e materiais delicados para cirurgia minimamente invasiva. “A cirurgia é feita através de pequenos portais na pele, que medem no máximo 1,5 centímetro. Fazemos uma importante cirurgia lá dentro e, por fora, vemos apenas alguns furinhos. É muito interessante do ponto de vista técnico, mas precisa ser bem realizada e indicada por profissional capacitado”, cita Ricardo.

Prótese no quadril

Uma das cirurgias em que o ortopedista do Instituto Mussi se especializa há anos é a colocação de prótese no quadril, também chamada de Artroplastia. “É a cirurgia mais eficaz e com maior índice de satisfação do paciente que existe no mundo moderno”, descreve.

A prótese de quadril soluciona uma gama enorme de problemas, incluindo fraturas ou sequelas que não podem ser recuperadas, doenças congênitas e principalmente a artrose (desgaste).

A abordagem cirúrgica é minimamente invasiva, com uma pequena incisão, por onde a articulação do quadril é desencaixada e substituída por uma prótese de alta qualidade, que passa a fazer a função que o quadril doente já não conseguia executar. “Antes da cirurgia são realizadas diversas medidas para que a prótese seja customizada de acordo com cada paciente e seu corpo”. Com esta maneira de se fazer, a recuperação é rápida, pouco dolorosa e muito segura. Com os devidos cuidados, a vida pode voltar ao normal em torno de um mês após a cirurgia. A internação costuma durar 2 ou 3 dias.

O médico conta que, antigamente, era normal a demora para realizar a cirurgia, e o paciente precisava aguentar muito tempo com dor, pois as próteses não tinham tanta qualidade como hoje. “Essa história de levar a dor até onde aguentar não procede mais. A artrose, por exemplo, causa muita dor e enrijece o movimento, levando à atrofia da musculatura. Pode causar inflamação e outros problemas nas articulações vizinhas e nos músculos. Então, atualmente, com as próteses mais duradouras, aliada a uma cirurgia menor, não precisamos esperar para realizar o procedimento. Conseguimos trazer alívio da dor e ganho de movimento, independentemente da idade. O momento ideal será definido pelo diagnóstico médico somado à necessidade e a vontade do paciente”, explica.

A estatística internacional mostra que algo próximo de 98% das próteses podem durar ao menos 10 anos, e entorno de 90% delas duram 20 anos ou mais. Isso garante aos pacientes retornar as atividades cotidianas e até exercícios físicos apropriados por muito tempo, quando a cirurgia é feita no tempo correto.

O procedimento é, normalmente, realizado de forma programada, quando uma doença é identificada primeiramente em consulta e se observa a necessidade da colocação da prótese. O paciente passa por um preparo antes da cirurgia com exames e avaliações, tem toda a cirurgia planejada e é orientado detalhadamente sobre os cuidados com antecedência. “É como se entrássemos na cirurgia guiados por um GPS”, comenta o médico.

Já em uma situação de emergência, quando o paciente sofre uma lesão grave, como uma fratura, e necessita realizar a cirurgia com rapidez, o paciente pode não ter tempo suficiente para receber tantas orientações e preparo. “É um susto para ele(a) e para sua família. Precisamos explicar e estabelecer todo o vínculo e o itinerário de tratamento mais rapidamente, com menos tempo disponível para todos.”, pensa o ortopedista.

Quando trocar uma prótese?

Em casos de soltura do osso, desgaste com os anos de uso, ou infecção, por exemplo. “É preciso ver o motivo da troca ser necessária. Os casos de infecção, são raros, mas existem. Podem acontecer logo a seguir da cirurgia, ou aparecer muitos anos depois, após uma infecção urinária, pneumonia, ou também após tratamento dentário sem os cuidados adequados. A bactéria que cai no sangue pode encontrar um jeito de chegar na prótese, fazendo se soltar”.

Quando isso acontece, é comum que o paciente sinta dor. Por isso, deve-se sempre realizar o acompanhamento periódico com o cirurgião e manter a rotina de exames para garantir que tudo esteja se mantendo bem.

Nessas revisões, também poderá ser indicada a troca de alguma parte da prótese ao longo dos anos para garantir maior durabilidade do conjunto, tratando-se de uma cirurgia menos agressiva do que a troca de todos os componentes.

Dr. Ricardo Skroch (CRM 30616) é natural de Curitiba, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e da Sociedade Brasileira de Quadril, com formação em Afecções do Quadril na Santa Casa de São Paulo, um dos mais famosos e conceituados serviços de Cirurgia do Quadril do país. Ricardo chegou a Pato Branco para integrar a equipe de médicos ortopedistas do Instituto Mussi, que agora conta com mais um profissional especialista, atualizado nos mais modernos tratamentos em prol de seus pacientes.

“Gostei muito de Pato Branco desde o primeiro momento em que a conheci. Minha família e eu estamos muito felizes por fazer parte desta comunidade. Tenho a sensação de que é uma cidade completa, com toda a estrutura de uma capital, com a qualidade de vida e charme do interior. Onde tenho tudo o que preciso para realizar meu trabalho com a máxima qualidade. Além de tudo, o Instituto Mussi tem o padrão de excelência que eu sempre procurei e admirei em um serviço de ortopedia, com o que há de melhor em um só lugar. Por exemplo, todas as mais modernas cirurgias da coluna vertebral são realizadas aqui, o que é muito importante, considerando que muitos dos nossos pacientes com problemas no quadril também apresentam doenças na coluna, joelhos, pés, por serem articulações irmãs no suporte da carga corporal”, comenta.

*Com supervisão de Mariana Salles

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