Um contraste encantador com as aparências grosseiras

Do dia 10 de novembro de 2025, até o dia 21 de novembro de 2025, Belém do Pará, sediará um evento que dependendo da situação, entrará para a história como um marco ou um profundo fiasco, claro que todos torcemos para que ele seja um encontro onde sejam tomadas medidas efetivas com relação a crise climática e ambiental que assola o Planeta, o Brasil estará mais uma vez no centro do debate e dessa vez por uma causa que não diz respeito só a ele mas a toda humanidade, é o presente e o futuro da vida humana e extra-humana que está em jogo. O Brasil não é o melhor exemplo, mas também não é o pior em termos de proteção ambiental, será uma ocasião única para se avaliar o que foi feito, o que não foi, o que está dando certo e o que é preciso fazer mais e de modo urgente; ficar em águas rasas já estamos fartos, a hora é de união, coragem e de buscar outras alternativas.

O Brasil, rico em termos de diversidade humana, cultural e também ambiental, tem muito a contribuir, não apenas de modo retórico e cerimonioso, mas com ações concretas, envolvimento de todas as camadas sociais, afinal a crise climática e ambiental não é culpa apenas desse ou daquele, nessa multifacetada crise que aí está, em especial a climática e ambiental não há inocentes, cada um de nós em maior ou menor grau tem uma parcela de responsabilidade, apontar o dedo tampouco irá ajudar culpando este ou aquele setor, a hora é a de se fazer um profundo exame de consciência, afinal queremos continuar navegando nesse mesmo mar de intempéries ou queremos mostrar que é possível um mundo mais saudável, mais equilibrado e sensato para todos habitarmos de modo digno a mesma casa comum? É só na espécie humana que está a salvação e também a perdição.

Belém do Pará, assim como todas as outras cidades do Brasil e do mundo, longe do poder, tem em seu interior as alegrias e as tristezas, a consciência e a inconsciência, a vontade de mudar para melhor e o sonambulismo que faz tropeçar em pequenos deslizes que logo se transformam em gigantes assustadores, o sonho de uma vida digna e a miséria escancarada em todos os quadrantes, Belém assim como as outras cidades, tem pessoas que vivem conscientemente o seu presente e tem também aqueles que fecham os olhos para as situações gritantes, que não podem mais esperar. Belém lá, Belém aqui, o que a afeta lá, nos atinge aqui; aqui e lá todos se perguntam se terão voz e vez de expressarem as suas angústias e temores diante de um tempo que não para de nos pregar peças cada vez mais assustadoras; eis o tempo propício, talvez o único, quem sabe até seja o último.

A COP 30 é antecedida pela luta intensa de muitas forças, um embate sem igual, onde muitas instituições e seus respectivos representantes encontram-se numa profunda crise de credibilidade, suas palavras soando vazias, sem tempero algum e quase sempre apontando para o nada, o vazio; o fanatismo que impera não tem dentro de si uma resposta adequada para a situação que estamos vivendo, ele jamais será a solução, ser fanático por uma causa, é esquecer por completo que todos dependemos um dos outros e também da natureza em geral, endeusar um e demonizar o outro é uma cegueira, um absurdo total, todos aqueles minimamente informados sabem muito bem onde os fanatismos passados levaram a humanidade e o preço que se pagou; a COP 30 não pode ser mais do mesmo, um evento regado a sorrisos, mais uma balada onde todos se divertem sem saber porque.

Bioeticamente, a COP 30, que será realizada no Brasil, ainda é uma incógnita sob muitos pontos, contradições variadas assolam a região amazônica e o restante do Brasil, todas essas inconsistências afetam a vida no seu todo, não há no momento um debate sério, claro e efetivo com relação ao meio ambiente e ao clima, a não ser vozes esparsas que gritam a plenos pulmões que essa é uma tarefa urgente para todos; sabemos bem que as COPS anteriores tiveram pouco impacto nos governos e principalmente nas consciências que lá estavam e agora estarão novamente. A estrada está aberta, há nesse trajeto muitas expectativas, mas também muitas sombras, fiquemos pois com as boas ações, os exemplos edificantes, uma vida mais regrada e menos dependente de produtos que nos tiram a paz e o sossego, que a COP 30 seja sim para todos uma luz, a luz da vida.  

Rosel Antonio Beraldo, mora em Verê-PR, Mestre em Bioética e Especialista em Filosofia pela PUC-PR; Anor Sganzerla, de Curitiba-PR, é Doutor e Mestre em Filosofia, é professor titular de Bioética na PUCPR.

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