A morte do Papa Francisco

Escolhido pelos Cardeais da Santa Igreja, pela ação do Espírito Santo, para a Cátedra de São Pedro no Conclave de 13 de março de 2013, o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio adotou o nome de Francisco para se fazer próximo aos pobres – como o Santo de Assis – e sonhou uma Igreja “que acolhe, serve, ama, perdoa, sem nunca exigir antes um atestado de boa conduta. Uma Igreja com as portas abertas, que seja porto de misericórdia”, conforme declarou na missa de conclusão da Assembleia Sinodal, em outubro de 2023.

Em seus 12 anos de pontificado, Francisco protagonizou marcantes encontros com os pobres, doentes, migrantes, idosos, jovens, encarcerados, pessoas com deficiência, e fez firmes alertas sobre a degradação do meio ambiente pela ação humana, especialmente na Encíclica Laudato Si’, publicada em 2015. 

O primeiro Papa latino-americano da história também iniciou reformas na Igreja, não por caminhos impositivos, mas pelo amplo diálogo, seja ouvindo o conselho de cardeais para reorganizar as estruturas da Cúria Romana, a fim de torná-la mais servidora e colaborativa com a Igreja global; seja pelo Sínodo sobre a Igreja Sinodal (2021-2024), no qual enfatizou a natureza missionária e misericordiosa da “Igreja em saída”, irradiadora da alegria do Evangelho “que preenche o coração e a vida inteira dos que se encontram com Jesus”, conforme escreveu na EvangeliiGaudium (A alegria do Evangelho), sua primeira exortação apostólica publicada em 2013. Esse caminhar juntos também foi visto nos sínodos sobre a Família (2015-2016), sobre os Jovens (2018) e para a Amazônia (2019). Ele acreditava, firmemente, que na Igreja o caminho se faz entre irmãos, com confiança mútua na unidade, respeitando as diferenças.

Francisco também fez os líderes mundiais se atentarem para as periferias geográficas e existenciais, criticou a “cultura do descarte” que degrada o meio ambiente, mata nascituros e põe fim à vida de idosos e doentes. Usando linguagem simples e gestos fraternos, foi ao encontro daqueles que estão à margem da sociedade. Sem mudar as questões de fé e moral, também procurou curar as feridas, com diferentes atitudes de acolhimento àqueles que se sentiam afastados da Igreja ou por ela machucados por erros passados.

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Pelo Paraná 30/04/25

O 266º Papa da Igreja Católica enxergou um mundo com a paz fragilizada. Dizia que estamos vivendo a “Terceira Guerra Mundial em pedaços”, enfatizava que a “guerra é sempre um mal” e que os únicos vencedores são “os vendedores de armas”. Francisco colocou a estrutura diplomática da Santa Sé a serviço dos povos atingidos pelos conflitos, tentou esforços de mediação e rezava diariamente pela paz, mesmo quando esteve hospitalizado. Em seu testamento espiritual, ele ofereceu ao Senhor o sofrimento de sua parte final de vida “pela paz no mundo e pela fraternidade entre os povos”.

No Domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor, já com a respiração ofegante e voz rouca, Francisco abençoou os fiéis na Praça São Pedro e desejou-lhes feliz Páscoa. E, pela última vez, a multidão ouviu sua mensagem – por ocasião da bênção “Urbi et Orbi” – lida por Dom Diego Giovanni Ravelli, mestre de Celebrações Litúrgicas Pontifícias: “Cristo ressuscitou! Neste anúncio encerra-se todo o sentido da nossa existência, que não foi feita para a morte, mas para a vida. A Páscoa é a festa da vida! Deus criou-nos para a vida e quer que a humanidade ressurja! Gostaria que voltássemos a ter esperança e confiança nos outros… a ter esperança de que a paz é possível!”. 

Demos graças a Deus pelo pontificado de Francisco e oremos pela Igreja, que continuará a ser dirigida pela ação do Espírito Santo e unida na figura do próximo Romano Pontífice. 

Pe. Lino Baggio, SAC

Paróquia São Roque – Coronel Vivida

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