Alckmin acolhe demandas do setor madeireiro do Paraná

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, recebeu nesta quarta-feira (1º) um grupo de 40 lideranças políticas e empresariais dos setores madeireiro e moveleiro do Paraná. A audiência, articulada pelo deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR), teve como objetivo apresentar os graves impactos do tarifaço imposto pelos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras, que atingiu de forma direta as indústrias do Sul do estado.

Participaram de forma remota prefeitos de municípios fortemente dependentes desse setor, como Rodrigo Rossoni (PSDB), de Bituruna, e Mário Cezar (PT), de São João do Triunfo. Em Bituruna, 87% da economia local depende da cadeia madeireira e moveleira. Segundo Rossoni, as restrições tarifárias já provocam paralisação de atividades, ameaça de desemprego em massa e queda de renda das famílias.

Cenário de crise no setor

De acordo com Paulo Roberto Pupo, da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (ABIMCI), somente nos próximos dias estão previstas entre 4 mil e 6 mil demissões no estado. Ele citou cenas “dramáticas” de empresas praticamente paralisadas, com apenas dois funcionários em atividade enquanto os demais cumprem férias coletivas.

O empresário Guilherme Randa, do setor de portas, molduras e compensados, destacou o colapso logístico: “As empresas produzem, mas não têm onde estocar. O mercado interno não absorve, e a concorrência doméstica só agrava a crise.”

Apoio político e avanços em negociações

Zeca Dirceu afirmou que existe expectativa positiva após a reunião, principalmente em relação a um encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, que poderá reabrir negociações comerciais.

Segundo Alckmin, já houve conquistas importantes, como a retirada ou redução de tarifas em produtos brasileiros, entre eles a celulose, o ferro-níquel e herbicidas. No caso da madeira serrada, a taxação caiu de 50% para 10%. Produtos como móveis de madeira e estofados tiveram redução de 50% para 25%, atingindo níveis iguais aos praticados pelos EUA com outros países – exceto o Reino Unido.

Além disso, o governo federal destacou que as negociações caminham para diversificação dos mercados externos, como México e Emirados Árabes Unidos, ampliando alternativas às exportações brasileiras.

Alternativas de financiamento e programas de apoio

Os empresários e lideranças também se reúnem, nos próximos dias, com representantes do BNDES para discutir medidas de incentivo e alternativas de crédito, incluindo o acesso ao Programa Brasil Soberano, ao Reintegra e ao Fundo Garantidor, em fase de aprovação no Congresso Nacional.

Para o deputado Zeca Dirceu, o setor gera entre 40 mil e 60 mil empregos no Paraná, muitos já em risco. “Queremos que o setor volte a competir de igual para igual. O Paraná produz madeira de qualidade, compensados e molduras, mas precisa de apoio imediato”, reforçou.

Armando Giacomet, da Braspine Madeiras, de Jaguariaíva, enfatizou que será necessário avaliar a viabilidade dos financiamentos, já que estão vinculados à manutenção de postos de trabalho: “É preciso vender para manter os funcionários ativos no setor”, concluiu.

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