Apesar de o atletismo levar vantagem na quantidade de medalhas obtidas no total, historicamente as duas modalidades travam uma saudável rivalidade para saber qual dos dois esportes é o campeão de pódios em uma única edição dos Jogos.
Ambas demonstram um poderio esportivo no movimento paralímpico brasileiro desde a década de 80, quando as competições não eram jogadas nas mesmas sedes dos Jogos Olímpicos. Na quarta participação do Brasil em uma Paralimpíada, os atletas brasileiros voltaram de Nova York (Estados Unidos) e Stoke Mandeville (Inglaterra), com 28 medalhas, todas conquistadas no atletismo (21, sendo seis de ouro) e na natação (sete medalhas).
A partir desta edição surgiram os primeiros brasileiros considerados potências paralímpicas, principalmente no atletismo brasileiro. Os resultados de Luiz Cláudio Pereira, Márcia Malsar, Miracema Ferraz e Amintas Piedade nas edições dos Jogos de Nova York/Stoke Mandeville e em Seul, quatro anos depois, ajudaram a modalidade a ser a mais premiada na época. Na Coreia do Sul, o Brasil conquistou 15 medalhas no atletismo (3 ouros, 8 pratas e 4 bronzes). Pela natação, subiu ao pódio nove vezes, uma no lugar mais alto apenas.
Nos Jogos Paralímpicos da década de 90, o rendimento das duas modalidades ficou mais equilibrado, embora o atletismo já contasse com a presença da velocista Ádria Santos, que conquistou 13 medalhas ao todo na carreira. Nos Jogos de 1992, em Barcelona, o Brasil conquistou quatro medalhas no atletismo (3 ouros) e a natação apenas três honrarias, nenhuma dourada. Os Jogos na Espanha também marcaram a despedida de Luiz Cláudio Pereira. Em três edições, o atleta ganhou seis medalhas de ouro e nove de prata. O Brasil já começava a despontar como uma das grandes nações da competição.
VIRADA DA NATAÇÃO – Com a entrada no circuito paralímpico de atletas como Clodoaldo Silva, André Brasil e Daniel Dias (que se aposentou em Tóquio com 27 pódios na carreira), o número de conquistas entre nadadores disparou e foi superior ao do atletismo na Paralimpíada de Sydney, na Austrália, e também na de Pequim, na China, em 2008. Clodoaldo Silva, que chegou a conquistar seis ouros em Atenas, subiu ao pódio em Paralimpíadas 14 vezes na carreira. Mesmo número de André Brasil, que possui sete medalhas douradas.
Nenhum atleta brasileiro, porém, ficou mais entre os três primeiros colocados em provas finais do que Daniel Dias. O nadador, que encerrou a carreira disputando a última prova em Tóquio na quarta-feira, os 50m livre, conquistou 27 medalhas e é o atleta do País que mais subiu ao pódio entre todas as modalidades na história do movimento paralímpico brasileiro. “Deus fez infinitamente mais do que eu pedi, do que eu pensei. Se eu escrevesse isso, não ia ser tão perfeito quanto foi. Não é choro de tristeza, eu estou muito feliz”, disse em seu adeus das piscinas.
TÓQUIO-2020 – Nos nove primeiros dias de disputa no Japão, a natação vem superando o atletismo. Puxados pelos bons resultados de Maria Carolina Santiago (quatro medalhas, sendo três de ouro), Gabriel Bandeira e Gabriel Araújo (três medalhas individuais cada), os nadadores somam 22 honrarias (8 ouros, 5 pratas e 9 bronzes), enquanto o atletismo contribuiu com 19 medalhas no geral (8 ouros, 5 pratas e 6 bronzes) até o momento.
O atletismo, contudo, pode virar ainda. Há mais finais da modalidade agendadas para serem realizadas até o dia 4 de setembro (horário de Brasília), um dia antes da cerimônia de encerramento dos Jogos Paralímpicos. O Brasil também corre atrás de seu recorde de conquistas: 21 medalhas de ouro nos Jogos de Londres, em 2012. Por enquanto, tem 18.
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