A educação e a vivência com a diversidade

Dirceu Antonio Ruaro

Amigos leitores, na semana passada, falei da necessidade de a educação voltar a ser, de fato, uma educação integral. Uma educação que se preocupe, com os conhecimentos acadêmicos, sem dúvida alguma, mas que se preocupe também, com a educação humana dos seres humanos.

Não é redundante dizer isso. É urgente reeducar o ser humano nos aspectos humanos.

É urgente valorizar a vida!

É urgente valorizar a pessoa do outro!

É urgente não “naturalizar” as desgraças humanas.

Ora, considerei no texto da semana passada, que somos diferentes e que as diferenças fazem parte da nossa vida social.

Sim, somos diferentes, mas na essência somos todos seres humanos. E é essa essência que precisa ser considerada.

Não nascemos para ser mais ou ser menos do que ninguém. É claro que não estou advogando pela “igualdade” dos seres humanos. Tenho a exata noção e consciência das diferenças humanas que constituem a nossa individualidade.

Estranhar o diferente é uma reação comum do ser humano. Nas crianças, antes que o ato seja contaminado por juízos de valor negativo, os pais e educadores devem intervir para mostrar que é preciso aceitar as diferenças e conviver em harmonia com elas.

O diferente pode gerar medo, insegurança, amor, rejeição, curiosidade e despertar mecanismos de defesa que, dependendo da intensidade da relação, podem levar à violência. A partir dos três anos, a criança começa a se socializar mais intensamente e tem de aprender a lidar com esses medos e a elaborar seus próprios conceitos, com base na sua carga de conhecimento e em ideias transmitidas pelos pais, amigos e educadores.

A pobreza, a maior das desigualdades sociais, o racismo, o preconceito em todas as suas formas, não podem, em hipótese alguma serem “naturalizados” e aceitos como fatos normais e, na escola, especialmente, na educação infantil e anos iniciais há um terreno fértil para uma ação pedagógica que pode auxiliar na humanização das pessoas.

É claro que a sociedade tem uma diversidade imensa em todos os sentidos. Aceitar e respeitar as diversidades não é a mesma coisa que “naturalizar” desgraças. Aliás, diversidade não é a mesma coisa que “desgraça”.

Penso, particularmente que, uma das formas de ensinar a não “naturalizar” desgraças, é ensinar o respeito à diversidade.

É preciso ensinar a importância do respeito à diversidade como um dos pilares de uma sociedade mais humana, mais evoluída e igualitária.

E, o ambiente escolar é um “local” adequado para isso, visto que nossas crianças estão em fase de desenvolvimento e, ainda, não vivem a “plena hipocrisia humana” de que todos somos iguais, até porque se de fato, fôssemos todos iguais não haveria preconceito algum.

O cuidado pedagógico que as escolas precisam ter é de cuidar para não se tornar reprodutoras de discriminações e preconceitos, buscando propostas de vivência e coexistência social que possam ensinar a conviver com as diferenças humanas sem classificar ou desclassificar as pessoas.

As escolas precisam ter propostas pedagógicas que tenham como objetivo a importância de propiciar aos seus alunos um ambiente escolar que priorize e estimule o respeito à diversidade, ajudando a formar cidadãos mais educados e respeitosos que se preocupem com os outros, tendo sempre um espírito de coletividade.

É preciso ter propostas pedagógicas de aprender a conviver que, a lado de desenvolver a consciência acadêmica, desenvolva também o exercício da empatia, do diálogo, da resolução de conflitos e da cooperação, ensinando e promovendo o respeito aos outros e aos direitos humanos.

Penso que as escolas necessitam de ações pedagógicas que tratem da diversidade em seus currículos – e que discutam abertamente o preconceito – também é uma maneira de promover a aceitação dentro de casa. Uma escola omissa contribui para aumentar o preconceito no pensamento infantil.

Exercitar o acolhimento, o respeito à diversidade de pessoas e de grupos sociais, dos diversos saberes e culturas, pois num mundo competitivo e preconceituoso como o nosso é fundamental ensinar a viver juntos, conhecendo antes de tudo a si mesmo para depois conhecer e respeitar o outro na sua diversidade, sem aceitar, gerar ou difundir preconceitos, pense nisso, enquanto lhe desejo boa semana.

Doutor em Educação pela UNICAMP, Psicopedagogo Clínico-Institucional e Pró-Reitor Acadêmico UNIMATER

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