Minimizar os impactos da pandemia no ensino, não basta!

Dirceu Antonio Ruaro

Prezados leitores, na semana passada, falamos do retorno das aulas para o ano letivo de 2022, com presencialidade dos alunos e professores com urgências e incertezas.

Pois bem, boa parte das redes e escolas públicas e privadas já retornaram ou estão retornando nessa semana às aulas.

Como dissemos, com urgências, com incertezas, com dúvidas e muitos receios.

Sabemos que não foi nada fácil enfrentar o período tão conturbado de março de 2020 até dezembro de 2021, e agora é tempo de reiniciar uma “normalidade” que nunca mais será a mesma.

Sabemos dos desafios enfrentados por pais, alunos, professores e escolas para poder garantir um mínimo de aprendizagem no decorrer dos anos letivos de 2020/21.

E, até por isso, a expectativa da retomada plenamente presencial é imensa. As escolas que já retornaram na primeira semana de fevereiro, dizem estar indo muito bem, respeitando os protocolos de biossegurança e com as crianças e adolescentes fazendo sua parte, respeitando distanciamentos, uso de máscara, de álcool em gel e higiene respiratória.

Isso é o básico que precisa ser feito. Porém existem outras questões. Como amenizar ou minimizar os impactos da pandemia sobre o ensino e a aprendizagem?

Como resgatar os conhecimentos?

Como motivar os alunos que se afastaram desmotivamos pelo formato on line e recuperar o aprendizado que não ocorreu?

A imprensa tem divulgado que a maioria dos Estados e Municípios optaram pelo retorno presencial obrigatório (ressalvando os casos de comorbidades e atestados médicos), por isso há uma grande expectativa nesse momento em que a variante ômicron se alastra sem dar sinais de diminuição. 

E, ao que parece, ao longo da semana o retorno dos alunos será em número maior pois, aos poucos, alunos e familiares vão sentindo um clima de confiança maior e um desejo imenso de poder voltar a aprender com mais qualidade.

Também, é claro que as famílias e os alunos querem, o quanto antes, dissipar as ideias negativistas, melhorar o emocional, restabelecer o convívio social e aprofundar o conhecimento.

É evidente que os especialistas em educação, pais, professores e alunos entendem os desafios que o ano letivo de 2022 apresenta. A educação, ao lado da saúde, talvez tenha sido um dos setores mais atingidos. O atraso que os alunos tiveram demorará um bom tempo para ser recuperado.

Penso que a agenda da educação, neste ano letivo de 2022, seja muito maior do que ensinar conteúdos. Além de se preocupar com novas metodologias de ensino, metodologias ativas, nas quais os alunos possam ser protagonistas de seu aprendizado, em todos os níveis e graus de ensino, é preciso intensificar o compromisso com a vida, com a ciência, com a saúde, com a qualidade de vida, com o ensino de qualidade para muito além do discurso.

E é preciso ficar atento, corre o ano eleitoral. O ano no qual, novamente a educação volta ao palco dos insensatos, descompromissados, enganadores e politiqueiros de plantão, cujo objetivo é única e tão somente garantir mais quatro anos no poder.

Está na hora de a população brasileira prestar atenção nos discursos políticos. Nas promessas eleitoreiras, nos discursos ocos de promessas de uma reforma de educação que nunca acontecerá. É preciso abrir espaço para o debate sério, comprometido, contextualizado, qualificado sobre a EDUCAÇÃO que queremos e precisamos para fazer com que esse país, esse estado e nossos municípios saiam da mesmice e das promessas falsas sobre políticas educacionais que nunca acontecerão.

A mim, me parece, salvo grande engano, que desafios e esperança marcam o ano letivo de 2022. Está na hora de entender a grande valia da escola na nossa sociedade. Está na hora da valorização do professor num processo pedagógico que exige a presença desse ator muito mais do que se imagina.

Entender que, neste momento, a escola se faz cada vez mais necessária, pois  o elemento mais valioso deste retorno ao ensino presencial será a interação entre o professor e o aluno. 

Por isso, é preciso ficar atento para as propostas educacionais que surgirão no “palco político das campanhas eleitorais”. Políticas que não deem conta da aprendizagem, da valorização do professor, da adequação das estruturas físicas das escolas públicas, não merecem a atenção da sociedade.

As transformações sociais, humanas, emocionais a que fomos forçados, especialmente no sistema educacional merecem densas reflexões e propostas de ações práticas sobre os rumos que o processo educacional deverá trilhar com base no aprendizado trazido pela pandemia. E é preciso ficar claro que não basta apresentar uma proposta de “um novo ensino médio nas escolas brasileiras”, é preciso saber para onde vamos com esse “novo ensino médio”, pense nisso, enquanto lhe desejo boa semana.

Doutor em Educação pela UNICAMP, Psicopedagogo Clínico-Institucional e Pró-Reitor Acadêmico UNIMATER

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