Por agravamento da crise, Latam pede adiantamento de US$ 500 mi em empréstimo DIP

A diretoria da Latam Airlines decidiu, em reunião realizada na terça-feira, 8, pedir um adiantamento de US$ 500 milhões no âmbito do empréstimo debtor-in-possession (DIP) de US$ 2,45 bilhões que a aérea recebeu no ano passado. De acordo com a companhia, o adiantamento é necessário diante da extensão da crise provocada pela pandemia da covid-19.

O comunicado enviado à US Secutiries and Exchange Comission (SEC, a CVM americana) afirma que a decisão de pedir o repasse foi feita após uma análise das restrições a viagens nos países em que a Latam opera, assim como da situação de caixa da companhia. O Grupo Latam está em recuperação judicial (chapter 11) nos Estados Unidos desde maio de 2020, em consequência da pandemia.

De acordo com a diretoria da empresa, os recursos do adiantamento estarão disponíveis em até 10 dias úteis após a solicitação. No empréstimo, a Latam recebeu US$ 1,15 bilhão dos credores em desembolso feito em outubro do ano passado. O plano de financiamento incluía fundos como Oaktree, Knighthead, a aérea Qatar Airways e os grupos Cueto e Eblen, entre outros.

Em maio, a Latam operou com apenas 30,8% da capacidade de transporte que possuía no mesmo mês de 2019, anterior à pandemia da covid-19. Já a demanda pelos voos da companhia foi 25,6% da observada naquele período. Os dois números se referem a todos os países em que a empresa opera.

A Latam tem sido alvo de investidas de empresas rivais diante do agravamento de sua situação operacional e financeira. No último mês, a brasileira Azul tentou comprar a operação brasileira, a principal do grupo, mas a Latam recusou a venda. As duas empresas tinham um acordo de compartilhamento de voos que foi rompido em maio – a tentativa de compra ocorreu em paralelo.

A Azul tem buscado credores e alguns dos investidores do empréstimo DIP da Latam atrás de apoio para adquirir a rival, mas como mostrou a Coluna do Broadcast, o movimento não foi bem-sucedido. Esses agentes consideram que este não é o momento certo para vender a operação brasileira da aérea, que está com valor baixo por causa da crise. Mas a perspectiva de fusão não foi descartada.

Retomada

O pedido de recursos por parte da Latam acontece no momento em que a companhia continua a expandir as operações no mercado brasileiro de voos domésticos. Segundo a companhia, em junho, sua capacidade chegará a 62% do total observado em junho de 2019, antes da pandemia. Em maio, na comparação com o mesmo mês de 2019, a capacidade era de 49,8%.

A Latam informou, em nota, que operará uma média de 310 voos diários de passageiros no Brasil ao longo deste mês, e que nos voos para o exterior, quer operar 15% do total visto em 2019, voando para 11 destinos internacionais. A companhia ressalta, entretanto, que todas as estimativas estão sujeitas ao cenário da pandemia e das restrições impostas pelos países em que opera.

Em todo o Grupo, a Latam espera operar com 36% de sua capacidade total neste mês, também na comparação com o mesmo mês de 2019. Serão 691 voos diários de passageiros, em 14 países. Na operação de cargas, serão mil voos, alta de 20% em relação a dois anos atrás.

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