Ibovespa recua com queda do Banco do Brasil e fusão Marfrig-BRF

A Bolsa de Valores brasileira encerrou o pregão desta sexta-feira (16) em leve queda de 0,10%, aos 139.187,39 pontos, em um dia marcado por realização de lucros e forte repercussão dos balanços corporativos do primeiro trimestre de 2025. Apesar do recuo pontual, o Ibovespa acumulou alta semanal de 1,95%, demonstrando a força do principal índice da bolsa.

As ações do Banco do Brasil (BBAS3) despencaram 12,68% após a divulgação do balanço do 1T25, que revelou um lucro líquido ajustado de R$ 7,4 bilhões, queda de 23% em relação ao mesmo período de 2024. O lucro líquido contábil foi de R$ 6,7 bilhões, com retorno sobre o patrimônio líquido (RSPL) de 16,7%.

A derrocada do BB contrastou com os resultados positivos de outras instituições financeiras, como o Itaú Unibanco, que registrou lucro recorde de R$ 10,5 bilhões, o maior já alcançado por um banco brasileiro listado na B3 em um primeiro trimestre. O analista Einar Rivero, CEO da Elos Ayta Consultoria, destacou a assimetria crescente entre os grandes bancos listados no Ibovespa, apontando uma rota divergente entre Banco do Brasil e Itaú.

A reção do mercado à queda do lucro do BB resultou em perda de R$ 20,7 bilhões em valor de mercado, valor equivalente à capitalização da Ambipar. A situação reacendeu debates sobre o impacto de políticas públicas e possível intervenção estatal na estratégia do banco.

Em contrapartida, os papéis da Marfrig (MRFG3) dispararam 21,34%, enquanto BRF (BRFS3) subiu 0,77%, após a divulgação da fusão entre as duas companhias, que formarão a MBRF Global. A nova empresa buscará listagem na bolsa de valores dos Estados Unidos. Segundo a analista Bruna Sene, da Rico Investimentos, o mercado foi surpreendido pela proposta da Marfrig, que ofereceu um desconto sobre o preço de mercado da BRF, contrariando a prática comum de oferecer prêmios em fusões.

O Ibovespa futuro com vencimento em junho recuou 0,27%, aos 140.700 pontos, com um giro financeiro de R$ 29 bilhões. Para Bruna Sene, o movimento do dia refletiu uma realização após fortes altas recentes, sustentadas pela entrada de capital estrangeiro, que somou R$ 873 milhões na última quarta-feira (14). No acumulado do ano, o fluxo estrangeiro no Ibovespa é positivo em R$ 19,7 bilhões.

O estrategista Filipe Villegas, da Genial Investimentos, apontou que o vencimento de opções e a divulgação do IGP-10, com deflação de 0,01% (contra expectativa de alta de 0,17%), contribuíram para a volatilidade do pregão. Villegas avaliou que a fusão Marfrig-BRF e os balanços corporativos seguirão no radar do mercado nos próximos dias.

No câmbio, o dólar comercial recuou 0,19%, encerrando a sessão cotado a R$ 5,6685. A moeda norte-americana acumulou alta semanal de 0,25%, pressionada por ruídos fiscais internos e expectativas eleitorais, apesar do otimismo gerado por avanços em um possível acordo comercial entre China e Estados Unidos.

Bruno Komura, analista da Potenza Capital, afirmou que, embora haja espaço para o dólar recuar para R$ 5,60, as incertezas fiscais dificultam o rompimento dessa barreira. Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, também apontou que fatores externos, como a relação comercial entre EUA e China, influenciaram o comportamento da moeda, mas não afetaram tanto o Ibovespa.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) também fecharam em queda, refletindo o ambiente de incertezas fiscais e a leitura do IGP-10. Por volta das 16h39, os DIs apresentavam as seguintes taxas:

  • DI jan/26: 14,745% (de 14,795%)
  • DI jan/27: 14,010% (de 14,145%)
  • DI jan/28: 13,595% (de 13,715%)
  • DI jan/29: 13,600% (de 13,675%)

Nos Estados Unidos, os principais índices acionários encerraram a sessão em alta pela quinta vez consecutiva, com forte desempenho semanal, mesmo diante de dados fracos sobre confiança do consumidor e preocupações inflacionárias. Confira o fechamento:

  • Dow Jones: -0,29%, aos 41.249,38 pontos
  • Nasdaq 100: -0,004%, aos 17.928,92 pontos
  • S&P 500: -0,07%, aos 5.659,91 pontos

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