O Ibovespa da Bolsa de Valores de São Paulo fechou em alta pelo segundo dia consecutivo nesta terça-feira (10), impulsionada pelo bom desempenho das ações de petroleiras — com destaque para a Petrobras —, pela recuperação do setor financeiro e pelo avanço nas negociações comerciais entre China e Estados Unidos. O cenário internacional também contribuiu com uma inflação abaixo do esperado nos EUA, o que reforçou o otimismo dos investidores.
O principal índice da B3, o Ibovespa, avançou 0,50%, encerrando o pregão aos 137.128,04 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho subiu 0,22%, atingindo 137.410 pontos. O volume financeiro negociado foi de R$ 21,5 bilhões. Em contraste, os índices acionários de Nova York fecharam em leve queda.
No Brasil, o mercado segue atento à expectativa de publicação da Medida Provisória que deve substituir o decreto de aumento do IOF, medida que tem gerado cautela entre os investidores.
As ações da Petrobras registraram ganhos expressivos: PETR3 subiu 2,93% e PETR4 avançou 3,32%. Outras petroleiras também se valorizaram, como Petrorecôncavo (RECV3), com alta de 2,69%, e Brava Energia (BRAV3), que subiu 3,03%.
O setor financeiro teve desempenho positivo em bloco. O Santander Brasil (SANB11) liderou os ganhos, subindo 4,64% após o UBS BB elevar sua recomendação para compra e revisar o preço-alvo das ações de R$ 30 para R$ 38. Na contramão, a Gerdau (GGBR4) recuou 3,68%, apesar de dois dias consecutivos de alta anterior, sem divulgação de fatores específicos para justificar a queda.
Análise de mercado e cenário macroeconômico
Segundo Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, o Ibovespa se recuperou ao longo do dia com o mercado reagindo positivamente a diversas frentes: “A bolsa abriu em queda, mas se recuperou com o avanço das negociações entre EUA e China, a divulgação do CPI americano mais fraco, e a expectativa pela nova MP que substituirá o aumento do IOF. O setor de petróleo teve alta expressiva, impulsionado pela perspectiva de aumento da demanda global.”
O otimismo também foi reforçado pela percepção de alívio fiscal, como explicou Alison Correia, analista e cofundador da Dom Investimentos: “O Ibovespa sobe embalado pelas tratativas entre China e EUA sobre taxações, os dados do CPI e a espera pela nova proposta fiscal do governo federal.”
No Congresso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi dispensado de uma audiência na Comissão de Finanças e Tributação após confronto verbal entre parlamentares da oposição, como Carlos Jordy (PL-RJ) e Nikolas Ferreira (PL-MG). Em suas falas, Haddad afirmou que não há aumento de impostos, apenas um reequilíbrio fiscal, mas a avaliação no mercado é de que as sinalizações foram mais políticas do que econômicas.
Inflação nos EUA e impacto nas expectativas sobre os juros
O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos Estados Unidos subiu 0,1% em maio, abaixo da estimativa de 0,2%. O núcleo do CPI — que exclui itens voláteis como energia e alimentos — também registrou alta de apenas 0,1%, frente à expectativa de 0,3%. Para Mônica Araújo, estrategista da InvestSmart XP, o resultado reforça a tese de que o Federal Reserve (Fed) deve manter os juros inalterados na reunião dos dias 17 e 18 de junho.
Segundo ela, a desaceleração da inflação pode ser atribuída à antecipação de importações antes das novas tarifas impostas pelo governo dos EUA e à recente queda nos preços do petróleo.
Dólar recua com alívio externo e diferencial de juros
No mercado cambial, o dólar comercial recuou 0,55%, cotado a R$ 5,5382, após atingir mínima de R$ 5,5216 durante o dia. O movimento refletiu o alívio global trazido pelo acordo preliminar entre Estados Unidos e China, os dados de inflação abaixo do esperado nos EUA e a manutenção de juros elevados no Brasil, que seguem favorecendo o real.
O Dollar Index, que mede a força da moeda americana frente a uma cesta de divisas, caiu 0,43%, a 98,68 pontos.
De acordo com Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, “a combinação de fatores externos positivos e os sinais de compromisso fiscal interno deram suporte ao real, que se fortaleceu diante do dólar”.
Rodrigo Alvarenga, sócio da One Investimentos, destacou que uma eventual agenda de corte de gastos poderia atrair um fluxo ainda mais robusto de dólares ao Brasil: “Se viesse uma discussão estrutural de ajuste fiscal, teríamos uma entrada massiva de capital estrangeiro.”
Para Bruno Komura, analista da Potenza Capital, os dados do CPI americano sustentam a expectativa de corte de juros nos EUA ainda em 2025, com possibilidade de nova redução no início de 2026. Ele prevê que a tendência de dólar mais fraco deve favorecer ativos de risco como o real brasileiro.
Juros futuros sobem com apostas sobre Selic
Em contrapartida ao recuo do dólar, os juros futuros (DIs) encerraram o dia em alta, com o mercado aumentando as apostas em uma possível elevação da taxa Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), também marcada para os dias 17 e 18.
Às 16h27, os principais contratos futuros de juros apresentavam as seguintes taxas:
- DI jan/2026: 14,880% (de 14,850%)
- DI jan/2027: 14,210% (de 14,155%)
- DI jan/2028: 13,630% (de 13,575%)
- DI jan/2029: 13,540% (de 13,515%)
Bolsas americanas encerram sessão em leve queda
Nos Estados Unidos, os mercados acionários encerraram o pregão em baixa, com os investidores avaliando o impacto do CPI e do acordo comercial entre Washington e Pequim. Após dias de valorização, os índices registraram leve correção:
- Dow Jones: -0,00%, aos 42.865,77 pontos
- Nasdaq 100: -0,50%, aos 19.615,88 pontos
- S&P 500: -0,27%, aos 6.022,24 pontos
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