Microrregião de Pato Branco registra aumento na área de produção do trigo

Apesar do crescimento na área de cultivo e no preço da saca, o cereal apresentou uma queda na qualidade por conta do excesso de chuvas em outubro

A microrregião de Pato Branco, composta por 15 dos 42 municípios do Sudoeste, registrou um aumento de 16,33% na área de produção do trigo na safra 2021/2022.

Nesta safra, já com 95% das lavouras colhidas na micro, o escritório regional do Departamento de Economia Rural (Deral) contabiliza 62.240 hectares de área plantada, frente a 53.500 hectares, na safra passada.

Porém, mesmo com o aumento na área de plantação do cereal, o rendimento médio e a qualidade do trigo diminuíram. De acordo Ivano Carniel, técnico do Deral, o excesso de chuvas no mês de outubro, que chegou a cerca de 400 mm, atingiu as lavouras e influenciou no resultado final da colheita.

“Tínhamos uma perspectiva de que tivéssemos a melhor produtividade do trigo já verificada aqui na nossa região, pela condição sanitária das nossas lavouras, pois, até outubro, condição das lavouras do trigo vinha em uma performance muito boa, com chuvas na medida certa. Porém, em outubro, o excesso de chuvas frustrou as expectativas”, contou.

Mesmo que a maior parte do trigo na micro não tenha atingindo Ph 78 — considerado ideal para um trigo de qualidade — o Deral ainda não sabe estimar quanto do total ficou abaixo do esperado. O levantamento final da safra 2021/2022 será realizado nos próximos dias.

No entanto, conforme Carniel, é importante lembrar que o trigo plantado e colhido mais cedo teve uma produção melhor, tanto de produtividade quanto de qualidade. “Além disso, precisamos esclarecer que o trigo não é de má qualidade, só, em um aspecto geral, poderia ser melhor”.

Segundo o técnico, até o mês de outubro, era esperado que o rendimento médio do trigo nas lavouras fosse entre 3.700 a 3800 kg/ ha. Porém, no último levantamento feito, já com 95% da área colhida, o rendimento verificado foi em 3.250 kg/ ha.

Mesmo que a qualidade e o rendimento sejam abaixo do esperado para a safra, o valor da saca de 60 kg do trigo é comercializada hoje, em média, por R$ 90. No mesmo período do ano passado a saca era vendida a R$ 75.

Produção no Paraná

Na fase final da colheita do trigo no Paraná, os produtores estão recebendo um valor até 27% superior com relação ao ano passado. A rentabilidade do cereal tem atraído produtores para o trigo, visando também reduzir custos na produção animal.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento Conab (out, 2021), a produção de trigo no Paraná deverá chegar a 3,2 milhões de toneladas, com uma produtividade média de 43 sacos por hectare. Problemas com geadas, mas especialmente a seca, resultaram em quebra de 19%, segundo estimativas do Deral.

Ainda assim, os produtores estão comemorando a safra, já que as cotações do cereal seguem altas. “Em média, os produtores receberam R$ 87,34 por saca de trigo em outubro de 2021, um valor 27% superior ao de outubro de 2020, quando o valor era de R$ 68,61”, conta o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho.

Na avaliação do Deral, os custos variáveis da lavoura de trigo no Paraná chegaram a R$ 3.504,06/ha (base agosto de 2021), o que representa 39 sacas/ha (cotação R$ 89,00). “Se considerarmos a média de produtividade do Estado, em 43 sc/ha, o produtor terá boa lucratividade, lembrando que existe um grande número de produtores que colheu acima de 60 sacos de trigo por hectare. O desafio agora é manter o produtor motivado mesmo quando os preços não estiverem em alta”, avalia o engenheiro agrônomo da Embrapa Trigo, Osmar Conte.

Propriedade em Chopinzinho

Ilseu Peretti é um dos produtores que colheu acima da média na lavoura de trigo em Chopinzinho. A cultivar BRS Belajoia, ainda em validação para a região tritícola 2, rendeu 64 sc/ha. O custo da lavoura ficou em R$ 2.640,90/ha, o que representou 29 sc/ha.

“Mais importante do que a produtividade é observar a rentabilidade do produtor, que chegou a 53%. O que importa não é encher o armazém, mas encher o bolso”, destaca o engenheiro agrônomo Luiz Tarcísio Behm, consultor que acompanhou a lavoura.

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