Dia Mundial do Sono: saiba como a qualidade do sono influencia na saúde mental

Em 18 de março é comemorado o Dia Mundial do Sono, iniciativa da World Sleep Foundation, representada no Brasil pela Associação Brasileira do Sono. Com tema “Sono de Qualidade, Mente Sã, Mundo Feliz”, a data pretende alertar para o aumento de transtornos psicológicos, como ansiedade e depressão, e sua correlação com a qualidade do sono.

De acordo com uma pesquisa do Instituto Ipsos, encomendada pelo Fórum Econômico Mundial, 53% dos brasileiros declararam que seu bem-estar mental piorou um pouco ou muito no último ano. Essa porcentagem só é maior em quatro países: Itália (54%), Hungria (56%), Chile (56%) e Turquia (61%). “O sono está intimamente ligado com a saúde mental. Ele faz parte do tripé para mais qualidade de vida e uma rotina adequada, junto com alimentação saudável e exercício físico.” diz Josué Alencar, fundador e diretor do Persono, que promove iniciativas para melhorar a qualidade de vida das pessoas através do sono.

Entenda como a qualidade do sono influencia na saúde mental:

Relação que começa bem cedo

Um estudo de pesquisadores britânicos e finlandeses encontrou uma associação entre a irregularidade das rotinas de sono em crianças a partir dos seis meses de idade com o surgimento de experiências psicóticas no início da pré-adolescência, mais precisamente aos 12 e 13 anos de idade.

Esse mesmo grupo de estudiosos também foi capaz de relacionar a falta de sono em crianças de 3 anos e meio com sintomas de Transtorno Borderline (Transtorno de Personalidade Limítrofe) aos 10 e 11 anos de idade. “Ao nascer, a qualidade do sono já deveria ser prioridade dos pais com relação a criança, mas a natureza particular do sono infantil, muito mais longo que o adulto, faz com que isso acabe passando batido. Sendo comum pais acreditarem que como a criança está dormindo mais do que 7h, ela está dormindo bem. O que não é uma verdade”, explica Alencar.

Fator de risco para apneia do sono

A apneia do sono é um distúrbio do sono cuja principal característica são as alterações respiratórias enquanto a pessoa dorme, com períodos de respiração pouco profunda e até micro paradas respiratórias. Entre os fatores de risco para a apneia estão a obesidade, amígdalas, língua e úvula grandes, grande circunferência do pescoço e síndromes genéticas com deformidades craniofaciais evidentes. O sexo biológico masculino também é fator de risco, assim como a presença de distúrbios psiquiátricos. “Sim, a saúde mental afetada pode facilitar a aparição da apneia do sono, assim como o uso de algumas medicações psicotrópicas usadas no seu tratamento. Reforçando a bilateralidade do sono-saúde mental, também sabemos que a apneia pode prejudicar a saúde emocional devido a ela diminuir a qualidade do sono”, complementa Alencar.

O estresse diminui o sono profundo

Um grupo de pesquisadores na Suíça testou um grupo de pessoas e encontrou evidências de que estresse é capaz de reduzir a quantidade de sono profundo, também conhecido como sono de ondas lentas. Alencar esclarece que “o sono profundo é a etapa da noite na qual efetivamente descansamos. Esse descanso permite o melhor funcionamento de diversas funções do corpo, da musculatura ao sistema imunológico. Também ocorrem nessa fase a reparação e a reconstrução de tecidos, ossos e músculos. Por isso ele é especialmente importante para atletas antes e depois de uma competição.” O estresse deixa você sem tudo isso.

Hiperexcitação mental ansiosa dificulta o início do sono

A hiperexcitação mental é característica clássica de pacientes com ansiedade, que não conseguem “desacelerar” os pensamentos, bastante intrusivos, seja como um repasse do que aconteceu no dia ou com a agenda do dia seguinte. Essa mente acelerada é um dos fatores-chave da dificuldade para dormir e ainda aumenta a frequência dos despertares noturnos. Também falando de ansiedade, tanto ela causa problemas para dormir quanto dormir mal pode causá-la. “Disrupções do sono estão presentes em quase todos os distúrbios psiquiátricos, assim como pessoas com insônia crônica têm mais chances de desenvolverem distúrbios de ansiedade“, explica a Associação Americana de Ansiedade e Depressão.

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