Entenda a alopecia, problema que provocou desentendimento em Oscar

Mapeamento genético identifica genes responsáveis pela desregulação hormonal que provoca queda de cabelo

A alopecia, popularmente conhecida como calvície, é a principal causa da perda de cabelo, principalmente em homens, mas que também está presente em mulheres, como é o caso de Jada Pinkett-Smith, mulher de Will Smith. Com os recentes acontecimentos nos palcos do Oscar, o assunto ganhou espaço e causou curiosidade sobre a doença.

Alopecia areata é uma doença autoimune que provoca a queda de cabelo. Sua extensão pode variar de pacientes com poucas áreas afetadas aos que têm uma perda importante de fios, chegando aos casos raros, nos quais a queda é total ou quase.

Segundo Fabiane Andrade Mulinari Brenner, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a alopecia areata não tem cura, mas possui tratamento. “Não existe uma estatística sobre quantos brasileiros são afetados por essa doença, mas acredita-se que em torno de 1% da população manifeste os sinais e sintomas em algum momento da vida”, explicou.

Sintomas

Além da perda brusca de cabelos, com áreas arredondadas, únicas ou múltiplas, sem demais alterações, essa doença não possui nenhum outro sintoma. Porém, chama a atenção que ao retornarem os fios, eles podem ser brancos, adquirindo sua coloração normal posteriormente.

Os especialistas lembram ainda que o paciente também deve ficar atento, pois outras doenças autoimunes podem se manifestar, como vitiligo, problemas da tireoide e lúpus eritematoso. Por isso, muitas vezes, são feitos exames de sangue. Contudo, na avaliação de Fabiane, o grande impacto ocorre na saúde emocional dos afetados, pois a queda do cabelo afeta a autoimagem, afetando a qualidade de vida.

Estresse

Entre os fatores desencadeantes ou agravantes da alopecia areata estão crises emocionais, traumas físicos e quadros infecciosos. Por isso, os especialistas recomendam algumas medidas que podem ajudar no controle da doença, como reduzir o estresse, pois as crises agudas podem estar associadas a períodos de problemas no trabalho ou na família.

Outro ponto importante é que a evolução da alopecia areata não é previsível, alerta Fabiane. “O cabelo sempre pode crescer novamente, mesmo que haja perda total. Isto ocorre porque a doença não destrói os folículos pilosos, apenas os mantêm inativos pela inflamação. Entretanto, novos surtos podem ocorrer”.

Genética

A literatura científica mostra que algumas variantes genéticas comuns são fatores de risco para esta condição. O problema acontece por conta de uma desregulação dos hormônios androgênicos, influenciada por alguns genes que afinam os fios capilares progressivamente, até ocasionar a queda.

No caso dos homens com alopecia androgenética, no geral, a perda de cabelo se concentra nas entradas frontais e na parte do topo da cabeça. Já nas mulheres, o mais comum é que ocorra uma perda mais generalizada, que deixa todo o couro cabeludo mais aparente. Entretanto, fato é que, tanto nos homens, como nas mulheres, quanto antes for feito o diagnóstico e mais cedo iniciar o tratamento, maiores as chances de frear o avanço da doença.

Neste ponto, o mapeamento genético pode indicar quais as chances de uma pessoa desenvolver esse tipo de alopecia. Por meio de uma amostra de saliva, o teste faz a leitura de pontos específicos do DNA e aponta se cada indivíduo possui os marcadores genéticos que provocam a alteração hormonal responsável pela queda de cabelo.

“A genética não deve ser o único fator considerado quando falamos sobre quedas de cabelo. Mas, além da influência dos genes HDAC4 e HDAC9, sabemos também que os povos ameríndios, asiáticos e africanos possuem taxas de calvície menores que os europeus. Com o mapeamento genético, é possível determinar também a ancestralidade da pessoa e avaliar o quanto isso aumenta ou reduz as chances dela ter alopecia”, explica Ricardo di Lazzaro Filho, médico.

Além da queda de cabelo, a alopecia androgenética pode ocasionar a perda de pelos em outras partes do corpo, como nas sobrancelhas. Tanto a calvície quanto as falhas nas sobrancelhas podem provocar sérios problemas de autoestima. “Os cabelos, muitas vezes, expressam nossas personalidades e acabam sendo uma moldura para o rosto, assim como a sobrancelha é para o olhar. Muitas pessoas que sofrem com a queda acabam investindo bastante dinheiro em implantes capilares depois de sofrer por muito tempo com a imagem refletida no espelho. O ideal é detectar o problema antes do início dos sintomas e iniciar o melhor tratamento. Os testes de genômica pessoal oferecem resultados muito personalizados, o que facilita também a personalização das terapias”, finaliza Ricardo.

Tratamentos

A coordenadora do Departamento de Cabelos e Unhas da SBD explicou ainda que há vários tratamentos disponíveis, como tópico, sistêmico e intralesional (infiltração). No entanto, em geral, ela ressaltou que o tratamento para alopecia é longo.

“Por isso, é importante o paciente ir ao dermatologista, para que o médico o acompanhe. O tratamento visa controlar a doença, reduzir as falhas e evitar que novas surjam. Mas, a opção escolhida vai depender da avaliação do especialista em conjunto com o paciente”, frisou.

*Com assessorias

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