Pesquisa aponta falta de transparência na indústria, causando confusão sobre conceito de alimentação saudável para o consumidor

Os brasileiros têm múltiplas interpretações a respeito do significado de alimentação saudável, especialmente quando as opções são alimentos naturais ou industrializados. Segundo pesquisa realizada pela Offerwise em parceria com a Liv Up, 67,1% afirmaram que possuem uma alimentação relativamente ou muito saudável. Porém, deste total, 49,3% consomem alimentos industrializados, artificiais e/ou ultraprocessados em uma proporção igual ou maior do que alimentos naturais, como pães de forma, seguido pelos chocolates e pelas bolachas ou biscoitos salgados.

Este resultado aponta que os consumidores muitas vezes ficam confusos em relação ao que estão ingerindo. Os rótulos e gôndolas não são claros, e isso confunde o consumidor sobre o que ele está ingerindo e sobre a origem daquele alimento, o que pode gerar desconfiança se aquela fruta ou legume vem da agricultura convencional (cheia de agrotóxicos). Precisamos de e uma indústria mais transparente e que ajude as pessoas a comer e viver melhor.

Em relação ao período da pandemia, apenas 33,5% das pessoas afirmam que a qualidade da alimentação melhorou. Em contrapartida, entre os consumidores que não consideram ter uma alimentação saudável, 45% deles afirmam que o isolamento social colaborou para que os hábitos alimentares piorassem.

Outro ponto interessante observado ao longo da pesquisa foi o local onde os consumidores estão habituados a fazer suas compras: segundo 64,8% deles, comparecer presencialmente ao supermercado ainda é a principal forma de comprar alimentos; já as compras online são as preferidas apenas para 8% dos consumidores. No entanto, o número de pessoas que fazem compras online entre as que se consideram saudáveis aumenta para 17%, dado que reforça a visão do crescente mercado de foodtechs, especialmente as de venda de orgânicos, que entenderam que parte de seu papel para a transformação do setor, para pela digitalização e suporte ao desenvolvimento da agricultura. Isso porque um dos modelos de foodtech mais populares é o que oferta produtos online, com frutas, legumes e verduras, in natura, sempre vindos da produção de agricultores familiares, reforçando parcerias e aumentando a renda dos pequenos produtores em cerca de 50%, além de atender o consumidor em diferentes necessidades, sendo relevante para quem compra e para quem produz de forma consistente.

Para finalizar, mais de 90% das pessoas entrevistadas concordam que as escolhas alimentares influenciam diretamente na saúde delas, sendo que 85% delas têm o desejo de “comer alimentos mais naturais”, e 82% gostariam de “saber a origem dos alimentos consumidos”. No entanto, nota-se que ainda há uma barreira para essa intenção se tornar um hábito, já que, segundo a pesquisa, 32,8% da população ainda consome alimentos industrializados ao menos três vezes por semana, por questões de hábito, praticidade e acesso à informação nutricional. Por isso, é possível dizer que há uma urgência no setor alimentar de repensar todo o sistema e o modelo de produção da indústria de artificiais e ultraprocessados, levando mais comida natural, boa e de verdade ao consumidor e apoiando o desenvolvimento social da agricultura familiar, além de ajudar a preservar o meio ambiente.

A pesquisa foi feita no final de julho com mil pessoas responsáveis pelas escolhas alimentares de suas casas.

Maria Carolina Rodrigues, Head de Consumer Insights da Liv Up

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