Puberdade e crescimento: quando começa essa fase de transformações?

Nem criança, nem adulto. A puberdade é uma fase de complexas transformações, e várias delas ocorrem em uma velocidade difícil de acompanhar. Um dia a roupa serve, no outro não serve mais; a voz muda, assim como o comportamento. Aparecem uns pelos onde não tinha, acne no rosto e uma angústia imensa para os pais. Será que meu filho vai crescer? Será que não é cedo demais para a minha filha ficar mocinha? As perguntas não param de surgir diante de tantas mudanças.

Mesmo que a puberdade chega geralmente em na mesma faixa etária para todos, o intervalo de tempo pode ser grande. Ou seja, é difícil definir padrões.

Conforme a endocrinologista pediátrica, Bruna Breowicz de Bitencourt, que trata doenças relacionadas ao metabolismo das crianças e adolescentes, como alterações do crescimento, obesidade, alterações de puberdade, colesterol e algumas alterações ósseas, a puberdade começa quando a menina desenvolve o broto mamário e o menino apresenta aumento no volume testicular. “Para as meninas, normalmente depois dos 8 anos. Já os meninos podem entrar na puberdade a partir dos 9 anos”, informa. Esse processo segue até por volta dos 13, 14 anos para as meninas e entre 14 e 15 anos para os meninos.

Estirão de crescimento
Durante a puberdade ocorre um estirão de crescimento. Se a criança vinha crescendo 0,5 centímetro a 1 centímetro por mês, de repente ela estica muito mais depressa, dobrando essa velocidade de crescimento. Aproximadamente 20% da altura total do adulto é adquirida durante a puberdade. A idade em que isso ocorre, diz Bruna, é bastante variável, dependendo da idade em que a puberdade foi iniciada. “Digamos que fica em torno de 10 e 12 anos”, diz.
A endocrinologista pediátrica diz que há como prever a altura que a criança chegará na fase adulta. “Existe um alvo genético que leva em conta a altura dos pais, e existe uma previsão de altura que se calcula através do exame de raio X de idade óssea, no consultório. Ambos são cálculos não exatos, servem apenas como uma base para acompanharmos o ritmo de crescimento e para analisarmos se a criança irá atingir a altura esperada”, explica.
É normal que a criança em fase de crescimento tenha mais apetite, então é normal que os adolescentes comam mais do que na infância. Porém, alerta Bruna, esse é um dos momentos em que os pais ou responsáveis devem se atentar para não permitir exageros, para que púbere não desenvolva sobrepeso ou obesidade. “O normal é que a criança ganhe altura e peso numa proporção semelhante. Quando ocorre apenas aumento de peso sem o crescimento, o IMC [índice de massa corpórea] aumenta, podendo caracterizar a obesidade”, fala.

Entre os fatores que refletem no crescimento da criança, diz a médica, estão boa saúde, bons hábitos de vida, manter boas noites de sono, alimentação saudável e prática de atividades físicas.

Acompanhamento médico
As situações em que os pais devem procurar um médico especialista são diversas. Entre elas, sempre que algo não parecer normal, como quando a criança não trocam o número de roupas e calçados, desenvolvem a puberdade mais cedo ou muito tardiamente, ganham peso em excesso, quando tiver história familiar de alterações no colesterol, quando apresentar muita sonolência, queda de cabelo, unhas quebradiças. “Quando algo preocupar, o ideal é que procurem o profissional sem demora, pois muitos tratamentos, principalmente os que envolvem crescimento e puberdade, tem um tempo limitado para serem iniciados”, alerta.

Fazer esse acompanhamento utilizando de exames também é uma boa ideia. “Por exemplo, na criança com um crescimento abaixo do esperado, vamos afastar doenças pediátricas, anemias, deficiência de vitaminas, alterações renais, de tireoide, hepáticas e assim por diante. O raio X de idade óssea também é um exame importante na minha prática diária, por me traduzir em média o quanto aquela criança está ‘amadurecendo’, o quanto ainda tem para crescer, etc”, reforça a médica.

Quando os tratamentos são iniciados cedo, independente se por problemas de crescimento, puberdade, alterações de tireoide ou obesidade, os resultados são muito melhores.

Bruna aconselha que os pais procurem ajuda o quanto antes, sem receio que pareça uma preocupação precoce. “Gostaria de receber muitos dos meus pacientes com menos idade. Entendo que a especialidade da Endocrinologia Pediátrica não é muito conhecida por todos, mas o ideal é que os pais prestem atenção no desenvolvimento das crianças e que procurem atendimento quando algo não parecer normal”, indica.

Bruna Breowicz de Bitencourt é endocrinologista pediátrica. CRM 35.175-PR / RQE: 27.864
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