Filmes nacionais no Dia do Cinema Brasileiro

Em 19 de junho de 1898, o cineasta ítalo-brasileiro Afonso Segreto fez as primeiras imagens em solo brasileiro, na baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Essa filmagem inaugural é composta por registros das fortalezas e os navios de guerra, com tomadas feitas do navio francês Brésil. Um ano antes, Paschoal Sereto, irmão de Afonso, tinha inaugurado, juntamente com José Roberto da Cunha Salles, a primeira sala de cinema do país, no Rio de Janeiro. A sala se chamava “Salão Novidades de Paris” onde o filme de Alberto Sereto foi exibido pela primeira vez, bem como outras projeções que deram início à cultura cinematográfica no país.

Nesta fase inicial, as produções do cinema brasileiro eram constituídas apenas por documentários. A fase dos filmes autorais começou em 1912 com as obras “Os Três irmãos” e “Na Primavera da Vida”, do cineasta Humberto Mauro. A história do cinema brasileiro continua com o lançamento do primeiro filme totalmente sonorizado, “Limite”, filmado por Mário Peixoto.

A criação do primeiro estúdio cinematográfico brasileiro por Adhemar Gonzaga, em 1930, o Cinédia, marcou uma nova etapa da produção cinematográfica nacional, com comédias e dramas populares. Mas foi o surgimento do estúdio Atlântida com suas chanchadas que popularizaram o cinema nacional.

O período de maior prestígio do cinema brasileiro aconteceu com a criação da Cia. Cinematográfica vera Cruz, em São Bernardo do Campo, em 1949, por Franco Zampari e Francisco Matarazzo Sobrinho. Durante sua existência, de 1949 a 1954, a Vera Cruz produziu 40 longas metragens. Seu maior sucesso, “O Cangaceiro”, premiado no festival de Cannes, teve um faturamento de 50 milhões de dólares e foi exibido em 80 países. Além dos filmes clássicos, a Vera Cruz também ficou famosa por sucessos populares como os filmes de Amácio Mazzaropi, mas o sucesso de suas produções não foi suficiente para suprir os problemas causados pela dificuldade de distribuição, fazendo com que a empresa viesse a falir em 1954.

Durante a efervescência cultural e política dos anos 60, o cinema novo se consolida como uma vertente de forte cunho social e político. Um de seus precursores foi “Rio 40 Graus”, de Nelson Pereira dos Santos. Mas o grande destaque é a obra do cineasta baiano Glauber Rocha, composta por “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964) e “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro” (1968).

O período da década de 80 foi caracterizado por um grande crise no cinema brasileiro, causada tanto pela crise econômica quanto pelo advento do vídeo-cassete, que trocou o hábito da população de ir ao cinema para ir à videolocadora. Alguns dos poucos filmes de destaque dessa época foram “O Homem Que Virou Suco” (1980), de João Batista de Andrade, “Jango” (1984), de Sílvio Tendler e “Cabra Marcado Para Morrer” (1984), de Eduardo Coutinho, além do documentário “Ilha das Flores” (1989), de Jorge Furtado.

A retomada aconteceu nos anos 90 com a criação da “Lei do Audiovisual” e produções como “Carlota Joaquina, Princesa do Brasil” (1994), de Carla Camurati, e “Central do Brasil” (1998), de Walter Salles.

Essa revitalização se manteve durante a entrada do século 21, devolvendo ao cinema brasileiro o reconhecimento no cenário mundial, com diversos filmes premiados e indicados para premiações, inclusive ao Oscar. Entre os destaques desta fase estão “Cidade de Deus” (2002), de Fernando Meirelles; “Carandiru” (2003), de Hector Babenco e; “Tropa de Elite” (2007), de José Padilha.

Para marcar este 19 de junho, indicamos aqui filmes nacionais que estão disponíveis no streaming.

A vida invisível

Com Fernanda Montenegro no elenco, “A vida Invisível” foi dirigido por Karin Ainouz. É baseado no livro de Martha Guerra e se passa no Rio de Janeiro dos anos 1940. As irmãs Guida e Eurídice sentiram na pele o machismo social. Quando Guida decidiu fugir com o namorado, ela foi cancelada pelo pai. É um filme delicado e cheio de nuances, que fala de amizade, cumplicidade e também de como o machismo é uma chaga estrutural. A vida invisível ganhou o principal prêmio da mostra Un Certain Regard, no Festival de Cannes em 2019. Disponível no Telecine Play.

Democracia em vertigem

O documentário Democracia em Vertigem, dirigido por Petra Costa, acompanhou o golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff e apresenta um ponto de vista muito pessoal daquilo que o Brasil enfrentou. Ao mostrar um pouco dos bastidores da crise política de 2016, Petra reflete sobre questões estruturais que a democracia brasileira carrega. O filme foi um dos cinco documentários indicados ao Oscar em 2020 e está disponível na Netflix.

Que horas ela volta?

Filme dirigido por Anna Muylaert tem Regina Casé no elenco, que faz o papel de uma empregada que se sente integrante da família para qual trabalha, mas descobre que não é. As diferenças ficam claras quando a filha dela, criada no interior do Nordeste, decide se mudar para São Paulo. Que horas ela volta? venceu o prêmio especial do Júri no Festival de Sundance em 2015 e dois prêmios no Festival de Berlim, entre eles, melhor filme da mostra Panorama, e está disponível no Telecine Play.

Cabras da peste

No estilo buddy cop, mas com toque à brasileira, acompanhamos a história do cearense Bruceuilis (Edmilson Filho) e do paulista Trindade (Matheus Nachtergaele), dois policias totalmente incompatíveis que são forçados a trabalhar juntos para resgatar a Celestina, uma cabra que é considerada o patrimônio do Ceará. Durante a investigação, os dois descobrem que o sumiço do animal está interligado com as ações criminosas de Luva Branca, o maior alvo da polícia de São Paulo. Com direção de Victor Brandt, Cabra da Peste é uma comédia policial muito engraçada, e está disponível na Netflix.

Califórnia

Dirigido pela cineasta e ex-VJ MTV Marina Person, Califórnia nos leva de volta ao início dos anos de 1980 com a história de Estela (Clara Gallo), uma adolescente que vive conflitos típicos da idade, como identidade, amizade e amor. Seu ídolo é o tio Carlos (Caio Blat), jornalista musical que vive nos Estados Unidos, e seu o maior sonho é visitá-lo na Califórnia. Seus planos dela vão por água abaixo quando ela descobre que ele está voltando para o Brasil, magro, debilitado por consequência de uma doença sobre a qual a medicina apenas começava a se debruçar. Para quem viveu a adolescência nos anos 80/90 é pura nostalgia. Disponível na Netflix.

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