Mulheres marcantes (03): Nise da Silveira

Nossa terceira mulher marcante deste mês de março de 2024 é a médica Nise da Silveira (1.905-1.999), honrou o nordeste brasileiro, mais especificamente Maceió, capital de Alagoas, desde a sua formação atuou sempre na área da psiquiatria, foi ganhando fama e notoriedade por trazer outros meios de ajuda aos doentes mentais que lhes eram trazidos procuravam, foi uma das pioneiras em trazer um tratamento verdadeiramente humanizado aos doentes, foi sempre radicalmente contra qualquer tipo de violência como forma de cura.

Nise foi uma das primeiras mulheres brasileiras a se formar em medicina, foi presa e afastada por apenas ter em mãos obras de Marx; isso não esmoreceu a vontade que tinha de servir a sociedade no campo psiquiátrico, criou novos modelos de terapias para os doentes, onde se incluía a pintura e a modelagem, uma grande revolução para a sua época.

Nosso mundo atual precisa rever a pessoa e mulher Nise da Silveira, nosso mundo por diversas vias à beira da loucura total perdeu o espírito cooperativo e solidário que tanto animou a médica Nise, nosso mundo atual guarda dentro de si apenas ódio, violência e amargura, uns poucos “senhores do mundo”, jugam que a única forma para se conseguir a paz é usando cada vez mais violência, brutalidade, choques e eletrochoques  na civilização, armas essas que foram sempre detestadas por Nise da Silveira.

O mundo atual, não lembra em nada tudo o que já foi escrito sobre viver em paz e harmonia, nosso mundo globalizado apenas na esfera econômica julga que só seremos felizes adquirindo coisas e mais coisas, nosso mundo atual, lança desafios cada vez mais insuportáveis para todos, cada um de nós é atingido sob diferentes formas e muitos tem sido jogados nas valas do esquecimento.

Nise da Silveira, com toda probabilidade ficaria extremamente indignada de como os seres humanos estão sendo tratados em pleno século XXI, ficaria abismada em ver que muitos estão demasiadamente atarefados, sem no entanto nada fazerem, outros entretanto absurdamente mergulhados em tarefas nada dignas de proveito, tarefas essas que muitas vezes tem sido a causa de grandes desventuras humanas, assim como exemplo trazemos o vergonhoso mundo bélico e todas as suas consequências nefastas que aí estão, causando dor e sofrimento para a maioria esmagadora das pessoas que nada fizeram.

Um mundo ferido em muitas partes precisa urgentemente de pessoas que se rebelem (no bom sentido da palavra), bem ao estilo de Nise da Silveira; nosso mundo continuando na direção em que está indo deixará muitas pessoas doentes, algumas incuráveis, outras mortas.

A psiquiatria, área de atuação de Nise da Silveira, é um campo incrível de ajuda para as pessoas que dela necessitam, em hipótese alguma deve ser estigmatizada, a psiquiatria está a serviço da pessoa, a psiquiatria para dar bons resultados precisa ver o ser humano na sua integralidade, todas as dimensões que formam a sua vida, pois hoje sabemos que tudo está ligado a tudo, os seres humanos hoje ligam-se a coisas e objetos que num passado recente pareciam inimagináveis e tal ligação não tem sido assim tão boa como pretensamente alguns querem nos infundir, precisando sim de tratamentos adequados e também especializados.

Psiquiatria é uma bela arte para ajudar o outro a se reerguer, a se sentir parte do meio social em que vive, podemos ser psiquiatras de nós mesmos como também podemos ser psiquiatras para levarmos mais esperança e dignidade para o outro.

Bioeticamente,  a nossa terceira homenageada do mês, Nise da Silveira, merece todo nosso respeito e admiração, uma mulher muito além do seu tempo, anteviu coisas que num primeiro momento fizeram dela uma anarquista, mas o tempo provou que ela estava correta, Nise da Silveira esteve sempre ao lado dos seus pacientes, esteve junto a eles nas suas alegrias, nas suas tristezas, nas suas esperanças, assim como esteve ao lado de seus medos.

Para Nise da Silveira, cada paciente era um mundo vasto, complexo, cada um deles com o seu labirinto em particular, procurou por diversas vias levar seus pacientes a descobrirem a saída desses labirintos; hoje também muitos estão amedrontados sentindo que não há saída deste mundo caótico e perigoso, precisamos redescobrir o valor da vida, do outro em nosso meio; se sofremos é porque não confiamos em nós e nem nos outros.

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