A Bolsa de Valores brasileira (B3) encerrou a sessão desta quinta-feira (12) em alta de 0,48%, com o Ibovespa aos 137.799,74 pontos, em um dia marcado pela volatilidade e pelas incertezas fiscais. O Ibovespa futuro com vencimento em junho também subiu 0,49%, alcançando 138.050 pontos, com volume financeiro de R$ 18,5 bilhões.
A principal força de alta no pregão veio das ações da Petrobras (PETR3 e PETR4), que avançaram 2,76% e 2,25%, respectivamente. A valorização ocorreu após declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a possibilidade de antecipar o pagamento de dividendos de estatais para ajudar a cumprir a meta fiscal de 2025.
Segundo Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, “a fala de Haddad trouxe alívio ao mercado, em meio ao noticiário conturbado sobre o IOF. O Ibovespa chegou a cair no início do pregão, mas virou com ajuda da Petrobras e da perspectiva de mudanças na tributação de investimentos por meio de uma nova MP”.
Embraer (EMBR3) também se destacou, com alta de 4,28%, após divulgar estimativa de demanda por 10.500 jatos e turboélices de até 150 assentos nos próximos 20 anos, o que animou os investidores.
Os bancos tiveram desempenho positivo, refletindo um movimento de alta generalizada em meio ao alívio nas taxas de juros futuras e à expectativa de avanço nas reformas fiscais.
Incertezas fiscais e IOF no centro do debate
O aumento da alíquota do IOF segue gerando repercussão no mercado. O analista Bruno Komura, da Potenza Capital, apontou que as declarações do deputado Hugo Motta, sobre a possível tramitação de um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para sustar o aumento do IOF, foram bem recebidas pelo mercado. “O IOF afeta o custo do crédito e funciona como aperto monetário. O Congresso barrar seria positivo”, afirmou.
O economista Marcos Praça, da Zero Markets Brasil, destacou a preocupação com o equilíbrio fiscal. “Há uma disputa entre a criatividade do ministro Haddad e a insatisfação do Congresso com o aumento da carga tributária. Questões externas como as tarifas de Trump e negociações entre China e EUA também pressionam o mercado”, disse.
Praça também observou que os dados de varejo e inflação no Brasil sinalizam desaceleração econômica, o que poderia abrir espaço para queda na taxa Selic, embora o mercado ainda precifique alta de 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Copom.
Conflito no Oriente Médio no radar
Outro fator de risco apontado por analistas é o conflito entre Israel e Irã. “Mesmo com os EUA dizendo que não vão se envolver, há interesse geopolítico na região, especialmente por questões nucleares envolvendo o Irã”, alertou Praça.
Câmbio e juros
No mercado de câmbio, o dólar comercial encerrou o dia em leve alta de 0,07%, cotado a R$ 5,5425, refletindo a incerteza fiscal interna e a expectativa pelas decisões do Copom e do Federal Reserve (Fomc) na chamada “super quarta” da próxima semana.
Segundo Leonardo Santana, sócio da Top Gain, o mercado aguarda definições do Congresso sobre as medidas fiscais. “O mercado deve ficar de lado até termos clareza sobre o que será aprovado.”
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em queda:
- DI jan/2026: 14,860% (de 14,890%)
- DI jan/2027: 14,205% (de 14,235%)
- DI jan/2028: 13,635% (de 13,660%)
- DI jan/2029: 13,555% (de 13,570%)
Mercados internacionais
Nos Estados Unidos, os principais índices de Wall Street fecharam em alta, impulsionados pela valorização das ações da Oracle, que animou o setor de tecnologia:
- Dow Jones: +0,24%, aos 42.967,62 pontos
- Nasdaq 100: +0,24%, aos 19.662,49 pontos
- S&P 500: +0,38%, aos 6.045,26 pontos
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