A Bolsa de Valores brasileira encerrou o pregão desta quinta-feira (12) em leve queda, influenciada pelo cenário geopolítico externo. O Ibovespa caiu 0,42%, aos 137.212,63 pontos, oscilando entre a mínima de 136.585,90 pontos e a máxima de 137.799,95. Apesar da retração no dia, o índice acumulou alta de 0,81% na semana. O volume financeiro negociado foi de R$ 22,5 bilhões.
O destaque do dia foi a disparada dos preços do petróleo, motivada pelo aumento das tensões entre Israel e Irã, o que impulsionou ações ligadas ao setor de energia. Os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) subiram 2,13% e 2,45%, refletindo não apenas a valorização da commodity, mas também a expectativa de pagamento de dividendos extraordinários. Outras petroleiras também avançaram: Petrorio (PRIO3) teve alta de 1,75%, e PetroRecôncavo (RECV3) ganhou 2,70%.
Outro desempenho positivo veio da Suzano (SUZB3), que subiu 2,19% após o banco Goldman Sachs recomendar a compra da ação e elevar o preço-alvo, apontando que os papéis estão descontados e devem se beneficiar da alta da celulose.
Na contramão, ações ligadas ao setor cíclico, como as da Vale (VALE3), recuaram 1,32%, acompanhando a aversão a risco global.
O Ibovespa futuro com vencimento em junho também registrou queda, de 0,60%, encerrando aos 137.330 pontos.
Segundo Christian Iarussi, sócio da The Hill Capital, os mercados reagiram à forte valorização inicial do petróleo, que chegou a subir mais de 10% devido ao receio de que o conflito entre Israel e Irã comprometa o fornecimento global. Embora os preços tenham recuado com a notícia de que instalações petrolíferas não foram atingidas, a volatilidade persiste.
Alan Martins, analista técnico da Nova Futura Investimentos, avalia que, apesar do conflito, há fatores internos que sustentam algum otimismo, como a queda no IPCA, o comportamento dos serviços e a atratividade da taxa de juros brasileira. “A Petrobras ajuda o Ibovespa, os bancos caem, mas há espaço para melhora. Lá fora, o S&P ainda tem gordura para queimar, e investidores buscam ativos emergentes com boa relação risco-retorno”, explicou.
No câmbio, o dólar comercial fechou praticamente estável, com recuo de 0,03%, cotado a R$ 5,5408. O fluxo estrangeiro positivo ajudou na valorização do real. Na semana, a moeda norte-americana acumulou queda de 0,51%.
Para Bruno Shahini, especialista da Nomad, os investidores redirecionaram a atenção para o cenário geopolítico, após dados de inflação nos EUA alimentarem expectativas de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed). “O temor de uma escalada militar maior ainda pode fortalecer o dólar nas próximas sessões”, disse.
Marcos Weigt, head de Tesouraria do Travelex Bank, destacou que, apesar da abertura em alta, o dólar recuou diante da tese de enfraquecimento global da moeda americana e do apetite por emergentes, impulsionado pelos juros altos no Brasil.
Lucas Brigato, sócio da Ethimos Investimentos, lembrou que o mercado amanheceu sob tensão após a troca de drones entre Israel e Irã. “Outros fatores ficaram em segundo plano, e a moeda norte-americana chegou a se aproximar de R$ 5,60”, comentou.
A Ajax Asset contextualizou que os ataques de Israel a instalações nucleares iranianas e a subsequente retaliação com drones — todos interceptados — causaram forte alta no petróleo, queda das bolsas globais e retração nas taxas de juros internacionais. “Esse cenário pode levar à estagflação, com inflação elevada e baixo crescimento econômico, caso a crise se prolongue”, avaliou.
Já no mercado de juros, os contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam com leves oscilações. O mercado projeta alta de 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
Confira as taxas dos DIs às 16h40:
- DI jan/2026: 14,845% (estável)
- DI jan/2027: 14,180% (de 14,185%)
- DI jan/2028: 13,615% (de 13,660%)
- DI jan/2029: 13,555% (de 13,535%)
Nos Estados Unidos, os principais índices de ações encerraram o dia em queda, impactados pelos ataques aéreos de Israel ao Irã e pelo avanço dos preços da energia, movimento acompanhado pelo Ibovespa.
Fechamento dos índices em Nova York:
- Dow Jones: -1,79%, aos 42.197,79 pontos
- Nasdaq 100: -1,30%, aos 19.406,83 pontos
- S&P 500: -1,13%, aos 5.976,97 pontos
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