A transação envolve desembolso de R$ 9,786 bilhões para aquisição de ações da Infraco e capitalização de R$ 3,137 bilhões na unidade de negócios em um prazo de até 90 dias.
A operação agora será homologada e seu fechamento vai depender de aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A perspectiva da Oi é que toda a transação esteja concluída entre o fim de 2021 e o começo de 2022.
O certame teve apenas um proponente, conforme havia antecipado a Coluna do Broadcast da terça-feira, dia 6. O fundo norte-americano Digital Colony também fez uma proposta vinculante pela Infraco no começo do ano, mas não seguiu na disputa.
A Oi vinha mantendo conversas exclusivas com BTG desde fevereiro e concedeu ao fundo a prioridade para cobrir eventuais lances de concorrentes no leilão, o que, na prática, funcionou como uma barreira para a potencial entrada de outros proponentes.
O BTG saiu na frente por apresentar uma oferta vinculante já acompanhada de acordo de acionistas, o que adiantou as negociações. Nesses tratativas preliminares foi feito, inclusive, o esboço do futuro conselho de administração da Infraco.
O Broadcast apurou que o conselho terá dez membros, com seis indicações do BTG e quatro da Oi. Para a presidência do colegiado está previsto o sócio e líder de negócios digitais do BTG, Amos Genish, executivo com experiência em telecomunicações. Ele fundou a provedora de banda larga GVT, que acabou comprada pela Vivo, onde se tornou CEO. Outro assento do conselho ficará Renato Mazzola, sócio do BTG responsável pela área de capital privado.
Agora serão definidos os nomes para compor a direção da Infraco. Segundo fontes, o presidente executivo será um profissional de mercado, com experiência no segmento de telecomunicações.
A InfraCo é a unidade de negócios criada para concentrar a operação e expansão da fibra ótica da Oi. A nova empresa terá uma rede do tipo “neutra”, que poderá ser alugada para quaisquer outros provedores de internet. Neste ano, ela já fechou os dois primeiros contratos, um deles com a Vero, provedora controlada pela Vinci Partners. A Oi vai continuar oferecendo banda larga aos consumidores finais, mas na condição de ‘locatária’ das redes da Infraco.
O processo de separação dessa unidade de negócios do resto da Oi começou no primeiro trimestre, recebendo os primeiros ativos, sistemas e equipes para funcionar de modo independente.
A cobertura de banda larga por fibra ótica da Infraco está disponível para 10,5 milhões de casas, dos quais 2,5 milhões já ingressaram na base de assinantes. A meta para cobertura é atingir até 15 milhões de casas no fim de 2021 e 32 milhões no fim de 2025, o que exigirá investimentos de R$ 20 bilhões no período – daí a necessidade de atrair um parceiro para dividir o desembolso.
Este foi o último grande leilão de ativos da Oi, que já se desfez de torres, data centers e rede móvel, movimentando quase R$ 20 bilhões, conforme o plano de recuperação judicial aprovado pelos credores no ano passado. O dinheiro está sendo usado para quitar dívidas e sustentar investimento no que restou das operações. O plano prevê ainda a venda da rede de TV por assinatura, mas esse é um negócio de apenas R$ 20 milhões, muito pequeno perto dos anteriores.
O leilão foi realizado de modo virtual, a partir da 7ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Presentes no local apenas o juiz responsável pela recuperação judicial da Oi, Fernando Viana, e representantes do administrador judicial (o escritório Wald Advogados) e do Ministério Público – que emitiram posição favorável à proposta de BTG e Globenet. Cerca de 340 pessoas acompanharam a sessão online.
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